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Dentro da Luta Digital do Burundi: A Verdade Sobre o Acesso à Internet e a Solução via Satélite

Dentro da Luta Digital do Burundi: A Verdade Sobre o Acesso à Internet e a Solução via Satélite

Inside Burundi’s Digital Struggle: The Truth About Internet Access and the Satellite Solution

Burundi, uma pequena nação sem litoral na África Oriental, enfrenta uma crise de conectividade digital. Apesar de melhorias modestas nos últimos anos, continua sendo um dos países menos conectados do mundo, com apenas cerca de 11–12% dos burundineses usando a internet em 2023–2024 ecofinagency.com datareportal.com. Este relatório aprofunda o estado atual do acesso à internet no Burundi – desde o alcance das redes móveis e de banda larga até o surgimento da internet via satélite – e analisa os agentes, políticas, desafios e oportunidades que moldam o futuro digital do país. Em uma região onde vizinhos como Ruanda e Tanzânia avançam rapidamente, a luta de Burundi para superar a divisão digital é tanto urgente quanto instrutiva. Abaixo, exploramos os fatos por trás das manchetes e quais soluções (incluindo novos serviços via satélite) podem finalmente conectar os milhões de burundineses desatendidos.

Situação Atual do Acesso à Internet em Burundi

O cenário da internet em Burundi é caracterizado por penetração extremamente baixa, forte dependência das redes móveis e mínima banda larga fixa. No início de 2025, apenas cerca de 1,78 milhão de pessoas de um total de ~14 milhões eram usuárias de internet (cerca de 12,5% de penetração) datareportal.com. Em outras palavras, quase 88–90% da população permanece offline datareportal.com ecofinagency.com. Isso coloca Burundi próximo ao pior nível globalmente em conectividade. Aqueles que estão online acessam principalmente a internet por telefones celulares: impressionantes 99,6% das assinaturas de internet são conexões de banda larga móvel documents1.worldbank.org, enquanto banda larga fixa (ex: DSL, fibra) é praticamente inexistente nos lares (apenas ~0.3% das casas tinham internet cabeada há alguns anos documents1.worldbank.org). Em 2023, havia apenas cerca de 3.000 assinaturas de banda larga fixa em todo o país theglobaleconomy.com, destacando como conexões via cabo/DSL/fibra são raras.

Internet Móvel: Dada a falta de linhas fixas, os burundineses dependem das redes celulares para o acesso à internet. Havia cerca de 8,04 milhões de conexões móveis ativas no início de 2025 (chips/SIM, incluindo apenas voz) – equivalente a 56,6% da população datareportal.com – mas muitas dessas são assinaturas básicas de 2G/3G. O acesso à internet de alta velocidade é em grande parte limitado às áreas urbanas e uma minoria de usuários. O país só introduziu 3G em 2011 e 4G LTE em 2016–2017, e a cobertura ainda é escassa fora das cidades. Em 2023, redes 4G cobriam apenas cerca de 32% da população ecofinagency.com, principalmente em Bujumbura (a capital comercial) e algumas cidades. Até mesmo 3G alcançava apenas cerca de 53% da população ecofinagency.com. Em contraste, o sinal básico 2G (bom para chamadas e SMS, mas não para internet de fato) chega a ~97% da população ecofinagency.com. Isso significa que vastas regiões rurais têm ou nenhum acesso à internet ou apenas serviço muito lento 2G/EDGE. Para a maioria dos burundineses no campo – mais de 84% da população é rural datareportal.com – coisas como streaming de vídeo, videoconferências ou mesmo carregar páginas web com muitas imagens estão fora do alcance.

Velocidades de Banda Larga: A qualidade das conexões de internet em Burundi é geralmente ruim. As velocidades médias estão entre as mais lentas do mundo. As velocidades típicas de download ficam na casa dos dígitos simples (Mbps). Por exemplo, a velocidade mediana da banda larga fixa era de apenas ~5,8 Mbps em 2024 datareportal.com. A banda larga móvel costuma ser ainda mais lenta devido à congestão das redes 3G – medições indicaram médias de download de 2–6 Mbps nos últimos anos pulse.internetsociety.org. Em comparação, a média global ultrapassa 60 Mbps. Isso significa que mesmo quem acessa a internet em Burundi costuma experimentar serviço lento e instável, limitando o uso de aplicativos e serviços modernos.

Padrões de Uso da Internet: Diante das limitações, o uso da internet costuma se concentrar em atividades básicas – aplicativos de mensagens, navegação leve e redes sociais (onde houver acesso). Apenas 7,7% dos burundineses usam redes sociais (cerca de 1,09 milhão de usuários em 2025) datareportal.com, o que indica que o engajamento online avançado é limitado a uma pequena parcela da população. Jovens urbanos e profissionais dominam o perfil do público online. Enquanto isso, a vasta maioria dos cidadãos permanece desconectada, especialmente nas províncias remotas. A desigualdade digital – entre urbano e rural, e entre Burundi e o resto do mundo – é evidente e persistente.

Principais Provedores de Serviços de Internet (ISPs) e Operadoras

Apesar da baixa conectividade, o setor de telecomunicações de Burundi conta com vários agentes competindo em um mercado desafiador. O setor móvel é o principal motor dos serviços de internet, e tradicionalmente houve quatro operadores de rede móvel (MNOs):

  • Econet Leo: Lançada em 2003, a Econet (uma subsidiária da Econet Wireless) foi a operadora móvel pioneira no Burundi operatorwatch.com. Construiu ampla cobertura 2G e introduziu 3G em 2011, depois 4G LTE em Bujumbura em 2017 operatorwatch.com. Por muitos anos, a Econet Leo manteve a maior base de assinantes. Em 2020, possuía cerca de 47% de participação de mercado das conexões móveis documents1.worldbank.org, sendo então líder de mercado. Oferece serviços de voz GSM, SMS e dados por todo o país.
  • Lumitel (Viettel Burundi): Um participante relativamente novo, a Lumitel iniciou operações em 2015 e pertence ao grupo Viettel (do Vietnã) operatorwatch.com. A Lumitel expandiu agressivamente sua cobertura, lançando a primeira rede 4G/LTE nacional (estreando LTE simultaneamente em 6 províncias em 2016) operatorwatch.com. Atualmente possui a maior rede de torres – cerca de 591 sites segundo contagens recentes scirp.org – superando em muito seus concorrentes no alcance rural. A Lumitel rapidamente conquistou clientes graças às ofertas de dados de alta velocidade; em 2020 tinha cerca de 42% do mercado móvel documents1.worldbank.org e vinha superando a Econet na adoção do 4G. Hoje, a Lumitel é frequentemente considerada a operadora líder para serviços de dados, graças à sua cobertura nas 18 províncias e investimentos contínuos em infraestrutura.
  • Onatel (Onamob): Onatel é a empresa estatal (antiga monopolista) de telecomunicações, fundada em 1979. Foi parcialmente privatizada em 2006 (com 51% de participação já pertenceram à Vivendi) operatorwatch.com. A divisão móvel da Onatel opera sob a marca “Tempo” (às vezes chamada ONAMOB). Disponibiliza serviço GSM 2G em todo o país e um pouco de 3G/4G em áreas limitadas. No entanto, a Onatel ficou para trás: no início dos anos 2020, 100% dos assinantes móveis da Onatel ainda estavam no 2G, sem 3G/4G, refletindo como atrasou nas atualizações documents1.worldbank.org. Sua participação de mercado móvel é pequena (provavelmente abaixo de 10%). O ponto forte da Onatel está nos serviços fixos: opera a rede telefônica fixa e construiu uma rede metropolitana de fibra de 200 km em Bujumbura para clientes corporativos e governo documents1.worldbank.org. A empresa também fornece internet ADSL e linhas dedicadas para um número limitado de clientes. Apesar do legado, a Onatel tem dificuldades de competir em dados móveis e tem focado mais na infraestrutura de atacado.
  • Smart Burundi: A Smart entrou no mercado em 2013 (lançando serviço oficialmente em 2019), parte do grupo Agence Smart Africa operatorwatch.com. Posicionou-se como operadora de baixo custo com planos inovadores, atingindo cerca de 5–6% do mercado móvel em 2020. Porém, a operação da Smart foi breve – em 2022, o órgão regulador burundinês encerrou as atividades da Smart Burundi por inadimplência tributária e licença expirada operatorwatch.com. A ARCT (Agence de Régulation et de Contrôle des Télécommunications) ordenou a interrupção dos serviços em agosto de 2022, citando cerca de USD $3,2 milhões em débitos fiscais operatorwatch.com. Com o fechamento, os assinantes da Smart precisaram migrar para outras operadoras. Atualmente, Burundi possui três operadoras móveis ativas (Econet, Lumitel, Onatel) controlando o mercado.

Além das operadoras móveis, há alguns ISPs menores e provedores de rede empresarial no Burundi. Entre eles estão empresas como CBINET, Spidernet e USAN, entre outras documents1.worldbank.org. Elas geralmente atendem mercados de nicho — por exemplo, fornecendo banda larga fixa sem fio ou conectividade VSAT a empresas, ONGs e escritórios governamentais na capital. O mercado de ISP fixo é diminuto: assinaturas de internet fixa somam apenas alguns milhares. Notavelmente, a CBINET domina o segmento de banda larga fixa com cerca de 66% de participação desse pequeno mercado documents1.worldbank.org. Alguns ISPs revendem capacidade das operadoras móveis ou da espinha dorsal nacional. No geral, porém, nenhum desses ISPs tem ampla presença no consumidor final, e o burundinês médio provavelmente nunca usou seus serviços. Para a maior parte das pessoas, serviço de internet é igual a serviço móvel de uma das três grandes operadoras.

Infraestrutura de Internet: Backbone e Conectividade de Última Milha

Um dos principais fatores nos desafios da internet do Burundi é o estado de sua infraestrutura. O backbone central de comunicações do país melhorou significativamente na última década, mas a conectividade de última milha para os usuários finais permanece extremamente limitada – especialmente fora das cidades.

Backbone Nacional de Fibra Óptica: Com apoio de parceiros internacionais, o Burundi investiu em um backbone nacional de fibra óptica para transportar dados por todo o país. Um consórcio chamado Burundi Backbone System (BBS) foi lançado em 2013 para construir e operar essa infraestrutura. Desde então, o BBS implantou enlaces de fibra em todas as 18 províncias, criando uma rede em anel e ramificações que conecta as principais cidades scirp.org. A capacidade inicial do backbone era modesta (cerca de 16 Gbps de capacidade de projeto) scirp.org, mas foi sendo progressivamente atualizada. Em 2019, o BBS já havia instalado equipamentos DWDM modernos, podendo suportar até 40 Gbps (expansível para 100 Gbps) nos principais enlaces documents1.worldbank.org documents1.worldbank.org. As rotas da fibra geralmente seguem as principais estradas, ligando Bujumbura, Gitega (a capital política) e centros provinciais. Além disso, as operadoras móveis construíram seus próprios trechos de fibra: só a Lumitel lançou cerca de 3.300 km de fibra para estender a conectividade até suas torres e pontos de venda em todas as províncias documents1.worldbank.org. A Onatel, como mencionado, mantém uma rede metropolitana de fibra em Bujumbura (200 km) documents1.worldbank.org para conectar órgãos governamentais, bancos e provedores de internet na capital.

Largura de Banda Internacional: Por ser um país sem saída para o mar, o Burundi não possui acesso direto a cabos submarinos. Em vez disso, depende de enlaces terrestres de fibra para alcançar cabos submarinos via países vizinhos. Atualmente, o Burundi está conectado à internet global através do cabo submarino EASSy (East African Submarine System), que desembarca na costa do Oceano Índico. Os dados trafegam por terra via Ruanda e Tanzânia, através de seis conexões de fibra transfronteiriças que integram o Burundi à rede EASSy documents1.worldbank.org. No final de 2019, o BBS também assinou um acordo de 10 anos com a Tanzania Telecommunications (TTCL) para acessar outro cabo submarino (SEACOM), garantindo redundância documents1.worldbank.org. Esses arranjos dão ao Burundi múltiplos acessos ao backbone da internet e aumentaram enormemente o potencial de largura de banda. O país não depende mais de backhaul via satélite para o tráfego internacional (uma grande mudança em relação à década anterior). Contudo, a capacidade disponível é muito maior que o uso real. Em 2019, os provedores burundineses haviam adquirido um total de cerca de 7,1 Gbps de capacidade internacional, mas utilizavam apenas cerca de 2,3 Gbps (32%) desse total documents1.worldbank.org. Isso representa uma largura de banda internacional per capita extremamente baixa – aproximadamente 591 bits por segundo por pessoa, um dos índices mais baixos do mundo documents1.worldbank.org. Em contraste, a largura de banda internacional per capita do Quênia era de dezenas de milhares de bits por segundo. O fato de Burundi utilizar uma fração tão pequena de sua capacidade de backbone disponível evidencia que o gargalo está na “última milha” e na demanda do usuário final, e não na rede principal. Em resumo, a fibra óptica atravessa o país, mas a maioria dos cidadãos ainda não tem acesso a ela.

Última Milha e Rede Móvel: A principal conectividade de última milha no Burundi é por meio de torres celulares. As três operadoras móveis juntas operam algumas centenas de estações-base (cerca de 800+ no total). Somente a Lumitel conta com aproximadamente 591 torres/sites scirp.org, a Econet Leo possui cerca de 186 sites scirp.org e a Onatel/Tempo, presumivelmente, um número menor. Essas torres oferecem voz/SMS 2G praticamente em todo o território, 3G em muitos distritos e 4G LTE principalmente nas cidades e ao longo das rodovias principais. No entanto, grandes áreas do país ainda não possuem cobertura moderna de dados. Uma pesquisa recente (2023) revelou que 67,8% da população não tinha sinal 4G e 46,8% não tinha sinal 3G disponível ecofinagency.com. Algumas comunas remotas não contam nem com 2G (cerca de 3% da população está fora da cobertura 2G) ecofinagency.com. A baixa densidade de torres no interior do Burundi se deve a uma combinação de terreno difícil (colinas e zonas rurais), altos custos e baixa expectativa de receita em áreas pouco povoadas. Os desafios são agravados por problemas de infraestrutura de energia: mais de 85% dos locais de antenas dependem de geradores a diesel, pois a rede elétrica não chega ou não é confiável nesses pontos scirp.org. Isso eleva muito o custo operacional e torna a expansão no interior economicamente menos atraente (combustível e manutenção de torres remotas são caros).

Devido a esses fatores, o acesso de última milha está fortemente concentrado em torno dos centros urbanos como Bujumbura, Gitega, Ngozi, Rumonge, etc. Os residentes urbanos têm muito mais chance de encontrar sinais 3G/4G e provedores locais oferecendo Wi-Fi ou fibra para escritórios. Já os moradores das áreas rurais, por outro lado, podem ter que subir até o topo de uma colina ou ir à cidade apenas para conseguir um sinal móvel básico. O governo reconheceu esse déficit e agora está investindo em programas para estender a cobertura de última milha (detalhados na seção de Políticas abaixo). Até que esses esforços deem resultado, contudo, a fibra do backbone do Burundi continuará subutilizada, pois o problema da “última milha” – levar conectividade até casas e vilarejos – ainda não está resolvido.

Política Governamental, Regulação e Estratégia de Desenvolvimento Digital

O governo burundinês e seu órgão regulador estão plenamente cientes da defasagem digital do país e apresentaram várias políticas e planos para enfrentá-la. Entretanto, a implementação tem sido lenta devido a restrições financeiras, políticas e de capacidade. A seguir, resumimos o ambiente regulatório e as principais estratégias:

  • Órgãos Reguladores: A Agência de Regulação e Controle das Telecomunicações (ARCT) é o órgão regulador do setor no Burundi. A ARCT supervisiona licenciamento, alocação de espectro, qualidade dos serviços e proteção do consumidor no setor. Tem atuado para garantir a conformidade – por exemplo, a ARCT encerrou as atividades da Smart Burundi em 2022 devido a impostos e licenças não pagos operatorwatch.com. A ARCT também administra os recursos de espectro do país e tem se preparado para tecnologias como o 5G. No final de 2023, a ARCT anunciou um roteiro para o 5G, reservando faixas (700MHz, 2,3GHz, 2,6GHz, 3,5GHz, 26GHz) e permitindo que operadoras iniciem testes de 5G em 2024 developingtelecoms.com. O regulador observou que a limitação de espectro disponível foi um entrave ao 5G, mas planeja leiloar ou conceder frequências para permitir o lançamento comercial do 5G já em meados de 2024 developingtelecoms.com developingtelecoms.com. Isso demonstra uma postura de visão de futuro, mesmo que o 5G, provavelmente, ficará restrito inicialmente a Bujumbura (e há céticos que dizem que o Burundi tem lacunas muito mais urgentes para resolver antes do 5G fazer diferença).
  • Estratégia Nacional de TIC/Digital: A visão geral do governo para o setor de TIC está expressa em políticas como a Política Nacional de Desenvolvimento das TIC 2010–2025 (frequentemente chamada de PNDTIC). O plano estabeleceu metas ambiciosas para o Burundi “emergir como centro de excelência em desenvolvimento digital” e incluiu objetivos para expansão de infraestrutura, governo eletrônico e alfabetização digital. Na prática, o progresso foi limitado. No final dos anos 2010, a maior parte das metas da PNDTIC (como telecentros, computadores nas escolas, etc.) não foi atingida em razão de instabilidade e restrições de recursos. Mais recentemente, o desenvolvimento digital passou a ser reconhecido como ferramenta transversal no Plano Nacional de Desenvolvimento 2018–2027, ou seja, o governo admite que melhorias em conectividade são vitais para o desenvolvimento social e econômico. Para coordenar os esforços, o país conta com um Ministério dedicado (atualmente Ministério da Comunicação, Tecnologias da Informação e Mídia) e uma secretaria executiva nacional de TIC (SETIC) que trabalha em projetos digitais. Contudo, o Burundi ainda não possui uma estratégia de banda larga plenamente atualizada ou uma política universal de acesso além das ações conduzidas pela ARCT e pelo Ministério em projetos específicos.
  • Serviço Universal e Conectividade Rural: Um ponto positivo é o uso de um Fundo de Serviço Universal (USF) para enfrentar os déficits de cobertura rural. Em 2023–2025, o governo lançou uma iniciativa (com apoio do Banco Mundial) no programa “Apoio às Bases da Economia Digital” para financiar a implantação do 4G no meio rural ecofinagency.com. O USF está financiando um projeto para levar banda larga móvel a 178 comunidades rurais (“collines”) hoje sem ou com quase nenhum serviço ecofinagency.com. Em maio de 2025, foi aberta licitação pública para operadoras instalarem infraestrutura nesses locais, buscando levar cobertura 4G ou pelo menos 3G a cerca de 786.000 residentes rurais adicionais ecofinagency.com. O projeto ocorrerá em fases: primeiro 17 locais que possuem 2G mas não têm dados, depois 69 locais com cobertura de apenas uma operadora e, por fim, 92 áreas praticamente sem rede alguma ecofinagency.com. Destaca-se que o projeto incentiva compartilhamento de infraestrutura e roaming nacional – o governo quer que quem instalar a torre permita o uso pelas demais operadoras, garantindo que todas as comunidades recebam sinal, independentemente do provedor ecofinagency.com. As redes também devem ser alimentadas com energia renovável (solar) e resistentes ao clima ecofinagency.com, enfrentando assim o desafio energético. Esse programa rural, apoiado pela iniciativa de economia digital do Banco Mundial (PAFEN), representa um avanço importante na política de redução da divisão digital entre cidade e campo ecofinagency.com. Se bem-sucedido, poderá ampliar a cobertura nacional e elevar levemente a penetração da internet nos próximos anos.
  • Regulação de Mercado e Concorrência: O governo do Burundi oficialmente incentiva a concorrência entre prestadores de serviços, mas o mercado é pequeno. A privatização parcial da Onatel em 2006 e a entrada de novos players (como Smart e Lumitel nos anos 2010) buscavam estimular a competição. Embora os preços tenham caído um pouco, a acessibilidade ainda é um grande problema (ver próxima seção). A ARCT já interveio em alguns momentos – por exemplo, implementando regras de registro de SIM e controlando taxas de terminação móvel –, mas não há controle de preços nem regulação severa sobre preços de varejo de dados. O governo tampouco instituiu taxas específicas como a cobrança sobre redes sociais observada em outros países africanos (ex: taxa OTT de Uganda), possivelmente porque o uso já é tão baixo. Porém, impostos gerais sobre receitas do setor e taxas de importação de dispositivos elevam os custos ao consumidor de forma indireta. Do lado positivo, o Burundi estabeleceu um Ponto de Troca de Internet (IXP) para manter o tráfego local dentro do país. Gerenciado pelo BBS, o IXP e os servidores de cache permitem que cerca de 52% dos conteúdos web mais populares sejam acessados localmente ou em cache no Burundi pulse.internetsociety.org. Isso melhora a velocidade de serviços como Google, Facebook e YouTube, além de reduzir a dependência de banda internacional. É uma parte silenciosa, mas essencial, da estratégia digital de otimização da pouca conectividade existente no país.
  • Alfabetização Digital e Inclusão: Os formuladores de políticas reconhecem que só infraestrutura não basta – o Burundi precisa de capacitação humana para uso da internet. Programas de treinamento em habilidades digitais, integração das TIC na educação e incubadoras de tecnologia ainda estão em estágio inicial. Por exemplo, iniciativas como “BujaHub” em Bujumbura buscam capacitar jovens e empreendedores em habilidades digitais. Há atenção também para inclusão de gênero, considerando que historicamente menos mulheres acessam a internet. Embora esses esforços ainda não estejam difundidos, fazem parte da abordagem holística do governo para o desenvolvimento da economia digital (geralmente com apoio externo). Melhorar a alfabetização digital e a conscientização é visto como chave para aumentar a demanda por serviços de internet, o que por sua vez pode tornar o investimento comercial viável para expansão dos provedores.

Em resumo, o ambiente de políticas do Burundi está evoluindo lentamente da simples oferta de conectividade para temas mais avançados (5G, cibersegurança, serviços digitais), mas a questão fundamental permanece: como conectar a maioria da população de forma acessível. As ações recentes do governo – ativação do USF para áreas rurais, negociação com provedores de satélite como a Starlink e planejamento do 5G – indicam uma estratégia multifacetada para, onde possível, “dar saltos” tecnológicos. As próximas seções exploram os desafios centrais da acessibilidade e as novas soluções via satélite que geram expectativa como possíveis divisoras de águas.

Desafios de Acessibilidade, Qualidade e Acessibilidade

A luta digital do Burundi não se resume apenas a sinais e torres – envolve também barreiras econômicas e disparidades sociais. Mesmo onde o serviço de internet está tecnicamente disponível, a maioria dos burundeses não pode pagar para se conectar regularmente ou enfrenta outros obstáculos (como falta de eletricidade ou conhecimento). Aqui detalhamos os principais desafios de acessibilidade:

Alto Custo dos Dados de Internet: O custo dos dados no Burundi está entre os mais altos do mundo em relação à renda. Segundo a Comissão de Banda Larga da ONU, um acesso “acessível” à internet é definido como 1GB de dados móveis custando no máximo 2% da renda mensal média. Burundi ultrapassa muito esse referencial. Até alguns anos atrás, o preço de 1GB de dados móveis era cerca de 13,6% da RNB per capita documents1.worldbank.orgmais de 6 vezes o objetivo de acessibilidade. (Para contexto, 1GB nos países vizinhos Quênia ou Ruanda custa apenas cerca de 3% da renda documents1.worldbank.org.) Na prática, um pacote básico mensal de 1GB pode consumir o equivalente a duas semanas de renda para o cidadão burundês médio. Não é surpresa, então, que a maioria compre pacotes mínimos de internet (apenas alguns MBs) ou utilize versões gratuitas com moderação. O alto custo é causado por baixa escala, altos custos operacionais dos provedores e impostos, todos repassados ao consumidor. Mesmo os serviços de voz/texto móvel, embora mais comuns, atingem apenas cerca de 20% da população com assinaturas ecofinagency.com, indicando que 80% dos burundeses não têm sequer um plano de telefonia móvel, quanto mais um pacote de dados. Muitos dependem do empréstimo de telefones ou uso comunitário.

Custo dos Dispositivos e Eletricidade: Além das tarifas de dados, comprar um dispositivo capaz de acessar internet é por si só um grande obstáculo. Burundi é um dos países mais pobres do mundo (PIB per capita de apenas algumas centenas de dólares). Um smartphone básico, que pode custar $40–$50, está fora do alcance de muitos. Uma pesquisa da Alliance for Affordable Internet apontou que, em Burundi, o cidadão médio teria que gastar 221% de sua renda mensal para comprar o smartphone mais barato (em torno de $52) itweb.africa. Em outras palavras, um telefone custa bem mais do que dois meses de salário para o cidadão típico itweb.africa. Esse número impressionante (para comparação, em países como Botsuana ou Jamaica um smartphone representa apenas cerca de 4–5% da renda mensal itweb.africa) ajuda a explicar por que o acesso a dispositivos é tão baixo. O mercado é inundado de aparelhos usados e telefones simples; smartphones estão crescendo lentamente, mas mais entre jovens urbanos e profissionais. Além disso, mesmo quem adquire um smartphone encara o problema de carregá-lo – com apenas cerca de 11% da população tendo acesso à eletricidade (muitas áreas rurais estão fora da rede), simplesmente manter o aparelho carregado pode ser um desafio. Muitas pessoas caminham até centros comerciais para carregar o telefone (pagando por isso) ou usam baterias automotivas/painéis solares, quando disponíveis. Essa falta de infraestrutura de energia confiável afeta desproporcionalmente as comunidades rurais e torna o uso regular da internet ainda menos viável.

Divisão Urbana x Rural: A conectividade em Burundi está fortemente concentrada nas áreas urbanas. Apenas cerca de 15% dos burundeses vivem em cidades datareportal.com, mas essa minoria aproveita a grande maioria do acesso à internet. As cidades contam com cobertura 4G/3G, múltiplos ISPs, pontos públicos de Wi-Fi e consumidores mais abastados. Em contraste, aldeias rurais têm no máximo sinais 2G instáveis e praticamente nenhum serviço local de internet. Essa disparidade é visível nas estatísticas: a penetração da internet em Bujumbura e algumas poucas cidades está muito acima da média nacional de 12%, enquanto em muitos distritos rurais é praticamente zero. O projeto governamental de 4G rural visa levar cobertura para 178 comunidades rurais ecofinagency.com, mas mesmo que seja bem-sucedido, o uso pode continuar baixo se não houver melhoria no preço e na conscientização nessas áreas. Moradores rurais também enfrentam barreiras linguísticas e de conteúdo – grande parte do conteúdo online está em inglês ou francês, enquanto muitos burundeses do campo se expressam melhor em kirundi e possuem pouca escolaridade formal. Alfabetização digital é uma preocupação: uma parcela significativa da população nunca usou computador ou internet, então mesmo que haja disponibilidade, treinamento e conteúdo em idiomas locais serão necessários para incentivar o uso.

Qualidade do Serviço: Para quem consegue se conectar, há muitos problemas de qualidade. Redes sobrecarregadas levam a quedas frequentes de chamadas e lentidão, especialmente nos horários de pico. Na capital, usuários relatam que a velocidade da internet móvel varia e frequentemente despenca a níveis quase inutilizáveis quando há muita gente conectada. Isso ocorre em parte porque as operadoras têm espectro e capacidade limitados – por exemplo, a agência reguladora só liberou bandas adicionais de espectro (700 MHz, etc.) no final de 2023 developingtelecoms.com, e antes disso as operadoras trabalhavam com bandas muito estreitas para o 4G. Além disso, a pesada dependência de satélite para parte do backbone no passado (e ainda como backup) resulta em latência mais alta. Embora a mudança para backbone de fibra tenha ajudado, links via micro-ondas continuam sendo extensamente utilizados no último quilômetro e podem ser afetados pelo clima (chuva). No geral, o usuário de internet burundês não paga apenas caro pelos dados, mas recebe um serviço de qualidade relativamente ruim em termos de velocidade e confiabilidade. Isso diminui a percepção de valor da internet e pode afastar novos usuários (por que pagar tanto por tão pouco?).

Lacunas Sociais e de Gênero: É importante notar que, mesmo com o baixo uso geral da internet, certos grupos são ainda mais marginalizados. Mulheres em Burundi usam a internet em taxas menores que homens (um abismo digital de gênero comum em países de baixa renda), geralmente por menor acesso a dispositivos, pouca autonomia financeira para comprar dados e normas sociais. Os mais escolarizados e quem fala francês ou inglês têm mais facilidade para acessar do que quem só fala kirundi. Assim, a divisão digital reflete (e pode aprofundar) as desigualdades sociais existentes. O governo e algumas ONGs começaram pequenas iniciativas (como capacitações para mulheres empreendedoras em ferramentas digitais), mas estão em fase inicial.

Em resumo, o desafio da conectividade no Burundi é multidimensional: infraestrutura é necessária, mas não suficiente. É preciso avançar ao mesmo tempo em acessibilidade econômica, dispositivos, eletricidade e capacidades do usuário. Sem reduzir custos e melhorar o valor do acesso à internet, apenas construir redes (ou mesmo lançar satélites) não trará conectividade amplamente disseminada automaticamente. A próxima seção examina um dos caminhos promissores para contornar algumas dessas barreiras: serviços de internet via satélite, que poderiam passar por cima de certos gargalos de infraestrutura – mas que trazem seus próprios custos e desafios.

Internet via Satélite: VSAT e os Novos Serviços LEO

Dada a geografia difícil do Burundi e as lacunas de infraestrutura, a internet via satélite sempre foi vista como solução para conectar áreas remotas e desatendidas. Até recentemente, a conectividade por satélite (VSAT) era utilizada de forma limitada por empresas, embaixadas e ONGs devido ao alto custo. Entretanto, o surgimento de novos serviços de satélite em órbita baixa (LEO), como o Starlink da SpaceX, tem gerado esperança de que a conectividade do país poderá ser drasticamente melhorada. Aqui, exploramos o papel da internet satelital no Burundi, do VSAT tradicional aos desenvolvimentos mais recentes.

Uma antena parabólica Starlink (terminal do usuário). Em 2024, a constelação Starlink ficou disponível no Burundi, oferecendo internet de alta velocidade via satélites de órbita baixa. Tais soluções via satélite pretendem chegar até áreas rurais e remotas onde implementar fibra ótica ou torres 4G é difícil. Porém, os custos ainda representam barreira para adoção em larga escala.

VSAT Tradicional: No passado, VSAT (terminal de abertura muito pequena) era uma das únicas formas de acessar a internet no Burundi (especialmente antes da chegada da fibra). Provedores VSAT como Viasat, GlobalTT e outros ofereciam cobertura no Burundi usando satélites geoestacionários. Esse tipo de serviço geralmente exige instalar uma antena e modem no local do usuário, que se comunicam com um satélite a ~36.000 km acima do equador. Embora o VSAT ofereça conectividade virtualmente em qualquer lugar (até no alto de uma montanha), as desvantagens eram latência muito alta (~600–800 ms) e preços altíssimos para pouca banda. No Burundi, VSAT era adotado essencialmente por bancos (para caixas eletrônicos), repartições governamentais ligando-se a Bujumbura e ONGs em postos rurais. O custo podia chegar a centenas ou milhares de dólares por mês para poucos Mbps. Por isso, o VSAT nunca se expandiu para uso residencial; permaneceu uma solução pontual e de nicho. À medida que o backbone nacional de fibra se expandiu nos anos 2010, links VSAT foram substituídos por conexões terrestres de menor latência. Mesmo assim, em áreas totalmente isoladas, o VSAT ainda é opção – várias empresas anunciam planos C-band e Ku-band para Burundi, focados em conectividade crítica (exemplo: mineração ou missões humanitárias) nt-vsat.com. Contudo, a base de usuários é mínima, e o impacto na penetração nacional da internet foi praticamente nulo.

Entrada da Starlink: A grande novidade veio em 2024: A Starlink, o serviço de internet via satélite da SpaceX, foi oficialmente lançada no Burundi. Após meses de especulações, a SpaceX abriu a disponibilidade do serviço e começou a enviar kits para o Burundi em setembro de 2024 techafricanews.com techlabari.com. Isso ocorreu depois de um decreto presidencial em maio de 2024 concedendo à Starlink uma licença de operação no país spaceinafrica.com. Assim, o Burundi tornou-se o 17º país africano onde a Starlink está autorizada a operar techlabari.com. A Starlink é marcadamente diferente das tradicionais VSAT – ela usa uma constelação de milhares de satélites LEO orbitando apenas ~550 km acima da Terra. Isso permite uma latência muito menor (20–50 ms, semelhante a redes terrestres) e alta capacidade de transmissão. Um kit padrão da Starlink no Burundi consiste em uma antena parabólica do tamanho de uma pizza (terminal do usuário), um roteador Wi-Fi, e requer uma visão desobstruída do céu. Uma vez instalada, os usuários podem esperar velocidades de download de 50–200 Mbps, muito além do que qualquer ISP local pode oferecer fora dos links de fibra para empresas. A chegada da Starlink é um potencial divisor de águas para a conectividade: promete levar banda larga a qualquer parte do Burundi, instantaneamente, sem precisar esperar por fibra óptica ou torres.

Cobertura e Adoção: Até o final de 2024, a Starlink cobre todo o território do Burundi via seus satélites – efetivamente, qualquer pessoa no Burundi pode encomendar um kit e conectar-se, esteja no centro de Bujumbura ou em uma vila remota. Essa universalidade é inédita. Relatos iniciais indicaram que o serviço da Starlink estava funcionando tanto em regiões urbanas quanto rurais techafricanews.com, e um distribuidor local de eletrônicos (Zebra Electronics) começou a oferecer kits da Starlink, sinalizando disponibilidade comercial. No entanto, a taxa de adoção até agora é limitada àqueles que podem pagar. O custo é a principal barreira: o kit de hardware da Starlink custava cerca de US$ 600 para a antena, e a assinatura entre US$ 50–US$ 100 por mês (a taxa mensal exata no Burundi está aproximadamente nessa faixa, comparável a outros países africanos). Embora isso seja barato pelos padrões da VSAT (VSAT corporativo pode custar mais de US$ 1000 para 10 Mbps), ainda é extremamente caro para o cidadão burundinês médio (lembre-se, US$ 50 é mais do que a renda mensal da maioria das pessoas). Assim, os primeiros usuários da Starlink no Burundi são supostamente empresas, ONGs e indivíduos abastados. Por exemplo, um hospital ou escola rural pode usar a Starlink para conectar-se onde antes não havia nenhuma opção. Empreendedores ligados à tecnologia em Bujumbura também testaram a Starlink como alternativa ao lento DSL.

Um caso de uso interessante é o acesso comunitário ou compartilhado: Como a Starlink pode cobrir uma ampla área com Wi-Fi, existe o potencial de alguém instalar uma Starlink e então compartilhar/vender conectividade para os vizinhos (modelo de hotspot Wi-Fi local). Alguns ISPs locais ou cibercafés podem adotar isso – usando efetivamente a Starlink como backbone e revendendo o acesso aos usuários finais em francos. Isso pode, gradativamente, expandir o alcance em áreas de difícil atendimento. Ainda assim, uma adoção em massa exigirá reduções significativas nos preços ou programas de subsídios.

Outros Serviços de Satélite (OneWeb, etc.): A Starlink não é a única concorrente. OneWeb, outra rede de satélites LEO (parcialmente de propriedade do governo do Reino Unido e da Bharti Airtel), também incluiu Burundi em seus planos de cobertura africanos. A OneWeb opera por meio de parceiros de distribuição – por exemplo, algumas empresas anunciam serviços impulsionados pela OneWeb de até 200 Mbps no Burundi globaltt.com. Ao contrário da abordagem direta ao consumidor da Starlink, a OneWeb foca em empresas e backhaul de telecomunicações. Ela pode, potencialmente, fazer parceria com uma operadora móvel burundinesa para conectar torres remotas via satélite, ou conectar escolas em um projeto educacional. Além disso, satélites GEO mais antigos ainda estão disponíveis: empresas como Avanti (satélites Hylas) ou Intelsat podem oferecer banda larga em Ka-band para o Burundi, às vezes para conectividade de órgãos governamentais. No entanto, nenhum desses ganhou manchetes como a Starlink, que, por sua marca e desempenho, capturou a imaginação pública.

Impacto e Perspectivas: O governo acolheu operadores de satélite como parte de sua estratégia para conectar os desconectados. Na verdade, autoridades veem a Starlink como complementar aos planos de 5G – reconhecendo que “a conectividade via satélite da Starlink é uma forte opção para conectar áreas rurais onde não existem redes terrestres.” developingtelecoms.com. Em outras palavras, ao invés de tentar estender fibras caras ou torres até o último topo de colina, o Burundi pode aproveitar a “rede dos céus” para dar um salto tecnológico. Isso pode ser transformador para escolas, clínicas ou negócios remotos que estavam completamente offline. Além disso, a internet via satélite pode proporcionar resiliência: durante cortes de fibra ou interrupções de rede, serviços críticos podem migrar para links via satélite para se manter online.

Dito isso, é importante moderar as expectativas. Satélites resolvem o problema de cobertura, mas não necessariamente o problema de acessibilidade. Se a maioria dos cidadãos não pode pagar por um pacote regular de dados 4G, certamente não poderá pagar US$ 50 por mês pela Starlink. Há discussões sobre o uso de fundos de serviço universal ou doações para subsidiar a conectividade via satélite para centros comunitários ou instalações públicas-chave (por exemplo, equipando o centro digital de cada comuna com Starlink e Wi-Fi grátis). Tais iniciativas poderiam ampliar significativamente o acesso à internet para populações rurais se forem implementadas. Outro fator é regulatório – a ARCT irá monitorar a implantação da Starlink e pode considerar formas de tributar ou integrar o serviço (por exemplo, garantindo que a Starlink obedeça às regulamentações locais, e possivelmente tenha gateways ou controles de dados locais, embora atualmente a Starlink não dependa de uma estação terrestre local no Burundi, usando estações em outros países).

Em conclusão, a solução via satélite oferece um novo e empolgante capítulo na saga da conectividade do Burundi. O país já foi “colocado no mapa” como um dos primeiros adotantes na África da internet via satélite de ponta spaceinafrica.com. Daqui para a frente, à medida que a concorrência aumentar (o Project Kuiper da Amazon é outro player LEO a caminho) e com a possível queda dos custos de dispositivos, ainda mais burundineses poderão ficar online via satélite. Os satélites não substituirão as redes terrestres – eles preenchem as lacunas mais difíceis e oferecem caminhos alternativos. O resultado final dependerá de esforços complementares para melhorar a acessibilidade e expandir a distribuição local desses sinais (ex: via Wi-Fi de vilarejo ou ofertas de banda larga varejista usando backhaul via satélite).

Burundi vs. Vizinhos: Como o Acesso à Internet se Compara

Para entender melhor a situação do Burundi, ajuda comparar com seus vizinhos da África Oriental/Central. Infelizmente para o Burundi, a comparação frequentemente destaca o quanto o país ainda tem a avançar. Veja um panorama rápido dos principais indicadores em Ruanda, Tanzânia e República Democrática do Congo (RDC), em relação ao Burundi:

  • Ruanda: Frequentemente elogiado como líder regional em TIC, Ruanda tinha uma penetração de internet de cerca de 34,4% no início de 2024 freedomhouse.org – quase três vezes a taxa do Burundi. O governo de Ruanda investiu muito em backbone de fibra óptica e até mesmo numa rede nacional de 4G no modelo atacado (em parceria com a Korea Telecom) para cobrir o país. Como resultado, a cobertura 4G em Ruanda ultrapassa 90% da população, e o país já começou a testar 5G em Kigali. A banda larga de Ruanda não é apenas mais disponível, mas também relativamente acessível pelos padrões regionais. O custo médio mensal da banda larga fixa em Ruanda caiu para cerca de US$ 43 em 2024, um dos mais baratos da África thecitizen.co.tz thecitizen.co.tz. O foco de Ruanda em alfabetização digital e governo eletrônico (com iniciativas como pagamentos digitais, serviços online, etc.) também significa que há mais demanda impulsionando a conectividade. Em resumo, Ruanda está muito à frente do Burundi, embora também enfrente desafios para conectar seus cidadãos rurais ainda desconectados.
  • Tanzânia: Um país muito maior, com uma população de ~65 milhões, a Tanzânia tinha cerca de 21,8 milhões de usuários de internet (31,9% de penetração) em janeiro de 2024 ippmedia.com. A Tanzânia se beneficia do acesso a cabos submarinos extensos (tem múltiplos pontos de chegada em sua costa) e de um mercado de telecom competitivo (Vodacom, Airtel, Tigo, Halotel, etc., atuam lá). Embora a penetração geral da Tanzânia seja menor que a de Ruanda, ainda é o triplo do Burundi. Grandes cidades como Dar es Salaam e Arusha têm cobertura 4G espalhada e até alguns pilotos de 5G. A cobertura 3G/4G nas áreas rurais é melhor que a do Burundi, embora o tamanho do país signifique que algumas regiões remotas ainda não são atendidas. Quanto ao custo, historicamente a Tanzânia se destacou como um dos preços de dados mais baixos da África Oriental (o governo incentivou tarifas baixas); Relatórios de 2023 apontaram a banda larga fixa na Tanzânia, em média, US$ 43,44 por mês thecitizen.co.tz thecitizen.co.tz, semelhante ao de Ruanda. A presença de fábricas de montagem de aparelhos e um grande mercado também significa que os smartphones são um pouco mais acessíveis. Assim, em comparação ao Burundi, a Tanzânia tem uma taxa de conectividade mais alta e um mercado mais maduro, embora persista uma lacuna digital significativa entre as populações urbanas e rurais.
  • República Democrática do Congo (RDC): A RDC, vizinha do Burundi a oeste, é em si um país muito pouco conectado, considerando seu tamanho. Em 2023, a penetração de internet móvel na RDC era cerca de 20% (a UIT mediu 20,4%) developingtelecoms.com. Isso é um percentual baixo, mas representa cerca de 29 milhões de pessoas online, simplesmente porque a RDC tem mais de 100 milhões de habitantes developingtelecoms.com. Os desafios da RDC (território vasto, conflitos, pobreza) se assemelham aos do Burundi, mas em escala maior. Ainda assim, há mais investimento em telecom na RDC – empresas como Vodacom, Orange e Airtel atuam lá, e houve melhorias nas grandes cidades. Em termos de custo, o pacote médio de internet fixa na RDC custa cerca de US$ 171 por mês (após uma redução recente) thecitizen.co.tz, que, embora extremamente alto, é na verdade cerca da metade do que a média do Burundi. Isso é revelador: até mesmo a conflituosa RDC tem internet mais barata, em termos relativos, do que o Burundi. Uma área em que a RDC viu um boom foi em dinheiro móvel e serviços digitais básicos aproveitando os 20% que estão conectados, algo que o Burundi pode buscar emular à medida que sua base de usuários cresce.

Resumindo a comparação com os vizinhos: o Burundi está atrás de todos os seus pares imediatos no acesso à internet. Ruanda e Tanzânia estão indo substancialmente melhor em conectar seu povo (mais de um terço online vs. pouco mais de um oitavo no Burundi), e até a RDC – com todos os seus problemas – tem uma parcela e um número absoluto maior de cidadãos online. O Burundi também possui os custos de internet mais altos da região: um relatório destacou um preço médio de banda larga fixa de US$ 304,57 por mês, o mais caro da África Oriental thecitizen.co.tz. Por outro lado, Ruanda, Tanzânia, Quênia, Uganda, etc., têm médias abaixo de US$ 50 thecitizen.co.tz thecitizen.co.tz. Essa diferença gritante ressalta o quão isolado e subdesenvolvido tem sido o mercado de telecomunicações do Burundi.

No entanto, as comparações também oferecem esperança: elas indicam o que pode ser possível se o Burundi implementar reformas e investimentos semelhantes aos de seus vizinhos. Por exemplo, a abordagem de Ruanda, com forte facilitação governamental, parcerias público-privadas para infraestrutura e ênfase na acessibilidade, pode servir de modelo. A integração regional também pode ajudar – o Burundi faz parte da Comunidade da África Oriental (EAC) e da Smart Africa Alliance, por meio das quais iniciativas como precificação de dados transfronteiriços e roaming, IXPs compartilhados e ligações regionais de backbone estão sendo promovidas. Com o tempo, à medida que projetos regionais (como o One Area Network para telecom) se concretizem, os burundianos poderão se beneficiar de custos menores e conectividade melhor se o país conseguir alcançar os seus pares.

Estatísticas Chave em Resumo

Para recapitular o panorama da internet no Burundi, aqui está um retrato com estatísticas chave:

  • Penetração da Internet (2024): ~11–12% da população datareportal.com ecofinagency.com (aproximadamente 1,5 milhão de usuários em jan/2024, com previsão de crescimento para 1,78 milhão até jan/2025 datareportal.com). Cerca de 88% da população burundiana ainda está offline.
  • Cobertura Móvel: ~97% da população com cobertura 2G; ~53% com 3G; apenas ~32% com cobertura 4G LTE ecofinagency.com. A maioria das áreas rurais carece de cobertura de alta velocidade.
  • Assinantes Móveis: ~7,8 milhões de assinaturas móveis (multi-SIM) entre três operadoras operatorwatch.com. A taxa de assinantes móveis únicos é de ~37% (muitas pessoas não possuem telefone) documents1.worldbank.org.
  • Principais Operadoras & Participação de Mercado: Econet Leo (~47% de participação em 2020) documents1.worldbank.org, Lumitel (~42%), Onatel (~10%), Smart (5%, atualmente extinta). A Lumitel possui a maior infraestrutura de rede, a Econet tem uma base consolidada; a saída da Smart em 2022 deixou 3 operadoras.
  • Uso de Largura de Banda Internacional: ~2,3 Gbps de largura de banda total utilizada em 2019 documents1.worldbank.org (com muito mais disponível). Largura de banda per capita extremamente baixa (~591 bps/pessoa) documents1.worldbank.org, evidenciando subutilização.
  • Médias de Velocidade da Internet: ~5–6 Mbps de velocidade média de download na banda larga fixa datareportal.com; velocidades móveis frequentemente <3 Mbps em redes 3G (sem dado oficial, mas muito baixas). Latência elevada nas redes antigas, embora o novo serviço Starlink ofereça 50+ Mbps com latência <50ms.
  • Preços da Internet: 1GB de dados móveis custa ~13,6% da renda mensal documents1.worldbank.org (entre os maiores do mundo). O pacote médio de banda larga fixa custa mais de US$ 300 por mês (mais caro da EAC) thecitizen.co.tz. Por contraste, nos países vizinhos custa ~US$ 40–50.
  • Penetração de Smartphones: A taxa exata é baixa; provavelmente menos de 10% da população possui smartphone. Um smartphone básico custa ~2,2 vezes a renda mensal média itweb.africa, o que limita fortemente a adoção.
  • Projetos de Serviço Universal: Iniciativa em andamento para expandir o 4G para 178 comunidades rurais, beneficiando ~786 mil pessoas ecofinagency.com, via subsídio para operadoras (cronograma 2025–2026).
  • Internet via Satélite: Starlink disponível desde o quarto trimestre de 2024 techafricanews.com, com licença concedida spaceinafrica.com. Cerca de 15 outros países africanos também já contam com Starlink spaceinafrica.com. Custo de ~US$ 600 pelo equipamento + ~US$ 50–100/mês pela assinatura (adotantes atuais: ONGs, empresas).
  • Penetração Regional: Ruanda ~34% freedomhouse.org, Tanzânia ~32% ippmedia.com, RDC ~20% developingtelecoms.com – todos percentuais mais altos que os ~12% do Burundi. O Burundi busca não ficar ainda mais para trás à medida que os vizinhos avançam.

Esses números coletivamente traçam o retrato de um país onde a conectividade digital está longe de ser ubíqua, mas onde há espaço considerável (e planos) para crescimento.

Desenvolvimentos Recentes e Perspectivas Futuras

Os próximos anos serão críticos para a trajetória digital do Burundi. Há diversos desenvolvimentos positivos no horizonte que podem virar a maré na luta pelo acesso à internet:

  • 5G e Novo Espectro: O Burundi está com uma postura ambiciosa em direção à tecnologia móvel 5G, mesmo com a expansão do 4G ainda em curso. O governo, por meio da ARCT, planejou autorizar espectro 5G até 2024 e, potencialmente, ver um lançamento comercial do 5G a partir de julho de 2024 developingtelecoms.com. Esse cronograma pode ser otimista, mas pelo menos uma operadora (provavelmente a Lumitel) já manifestou interesse em implantar 5G em pontos urbanos. Caso o 5G chegue, levará banda larga sem fio ultrarrápida para partes de Bujumbura ou Gitega – útil para aplicações corporativas e governamentais, e talvez como vitrine para investidores. Entretanto, seu impacto mais amplo será limitado até que mais pessoas tenham smartphones 4G. O efeito prático mais imediato das ações do regulador é que mais espectro para 4G LTE (ex.: na faixa de 700 MHz) está sendo liberado developingtelecoms.com, o que aumentará cobertura e capacidade do 4G no curto prazo. Ou seja, as redes atuais podem ficar mais rápidas e alcançar mais gente com novas frequências, beneficiando o usuário comum.
  • Ampliação da Conectividade Rural: O projeto do Fundo de Serviço Universal para cobrir “zonas sem cobertura” rurais com 4G (ou pelo menos 3G) está avançando. Para meados de 2025, espera-se a licitação entre operadoras e início da construção da primeira fase. Em 2024, atividades como identificação de locais para torres e envolvimento das comunidades já devem estar ocorrendo. Se o projeto atingir suas metas nos próximos 1–2 anos, centenas de milhares de moradores rurais terão sinal de banda larga móvel pela primeira vez ecofinagency.com. Mesmo que a questão do preço persista, ter cobertura já é pré-requisito para qualquer acesso (e depois, com subsídios ou pontos públicos de acesso, as pessoas podem usar serviços digitais). O projeto enfatiza acesso aberto e torres com energia renovável ecofinagency.com, podendo servir de modelo para expansão sustentável e de baixo custo. Em essência, é a tentativa do Burundi de alcançar os vizinhos em termos de cobertura básica 3G/4G.
  • Apoio Internacional e Investimento: A situação do Burundi atraiu a atenção de agências internacionais de desenvolvimento. O Projeto Burundi Digital Foundations do Banco Mundial (aprovado por volta de 2021) destinou dezenas de milhões de dólares para reformas em políticas, capacitação digital e expansão da banda larga documents1.worldbank.org documents1.worldbank.org. Há ainda projetos de integração regional (via EAC) que podem ligar o Burundi com redes de fibra e mercados de dados da região. Investidores privados tradicionalmente têm sido cautelosos com Burundi, mas se a situação política permanecer estável, pode-se ver empresas como a Viettel (controladora da Lumitel) ou ISPs regionais ampliando investimentos. Por exemplo, a Viettel pode decidir lançar mobile money ou outros serviços para monetizar melhor sua base de usuários, o que pode fomentar a adoção de smartphones. Outro caminho são pontos de acesso público: iniciativas para instalar centros comunitários de internet ou zonas de Wi-Fi gratuito (com backhaul via satélite, talvez) podem surgir com apoio internacional, oferecendo acesso mesmo a quem não consegue pagar plano privado.
  • Starlink e Crescimento de Satélites: O lançamento bem-sucedido da Starlink em 2024 deve ser apenas o começo do papel dos satélites. Até 2025, a Starlink pode oferecer planos mais baratos ou kits comunitários (a SpaceX já testou “Starlink comunitário” em outros mercados em desenvolvimento). Além disso, a concorrência de outras constelações LEO pode pressionar os preços para baixo. A OneWeb, como mencionado, pode fazer parceria com operadoras para ampliar a cobertura. O Projeto Kuiper da Amazon deve começar a lançar satélites e pode mirar mercados africanos com preços competitivos. Burundi, por ter população pequena e difícil de cobrir por via terrestre, pode se beneficiar desproporcionalmente desses serviços globais – não é preciso investir em infraestrutura física, apenas nos terminais de usuário. O governo pode negociar com esses provedores tarifas especiais para escolas ou unidades de saúde. Se Starlink ou outro baixar o custo do hardware (digamos, para US$ 100) e oferecer pacotes de dados flexíveis, pode se tornar viável para cooperativas ou classes médias do Burundi. Fique de olho no segmento de satélites: os próximos anos verão evolução rápida, e Burundi é candidato ideal para absorção de banda larga via satélite, considerando os desafios terrestres.
  • Redução de Preços: Cresce a percepção de que são necessárias ações do lado da demanda. Podemos ver medidas como remoção de impostos de importação para smartphones (barateando o aparelho), programas de financiamento “smartphone para todos”, ou até redução forçada de tarifas de dados por pressão concorrencial. Por exemplo, se uma operadora (digamos, a Lumitel) reduzir drasticamente os preços dos pacotes de dados para ganhar mercado, as outras seguirão – uma “guerra de preços” beneficiaria os consumidores. Regionalmente, a EAC discute harmonização de roaming e, possivelmente, tarifa de dados; se o Burundi aderir a estes marcos, os preços podem cair. A Aliança pela Internet Acessível e outros grupos de advocacy também devem continuar pressionando por mudanças de política (ex.: compartilhamento de espectro, incentivos ao uso de infraestrutura compartilhada, diminuição de impostos setoriais) para baratear o acesso. Mesmo melhorias graduais – por exemplo, o custo de dados cair de 13% para 5% da renda – já liberaria o uso para muitos.
  • Conteúdo e Serviços Locais: Com mais burundianos online, podemos esperar o surgimento de conteúdo e serviços em línguas locais (kirundi). Isso ocorre naturalmente em outros países: após atingir uma massa crítica, empreendedores passam a criar apps, sites e canais no YouTube voltados às necessidades locais (notícias, agricultura, comércio eletrônico etc.). O próprio governo planeja digitalizar alguns serviços, o que pode estimular o uso da internet (por exemplo, matrícula escolar ou formulários governamentais online dão um motivo prático para se conectar). No longo prazo, um ecossistema digital mais rico torna a internet mais valiosa para o cidadão comum, alimentando um ciclo virtuoso de adoção. O Burundi está no início desse processo, mas a perspectiva futura é de uma economia digital (ainda que modesta) em formação – algo necessário para justificar o investimento em infraestrutura.

Perspectiva: Em resumo, o acesso à internet no Burundi tende a melhorar gradualmente a partir do seu estado atual, extremamente precário. É provável que vejamos a penetração da internet crescer a cada ano – quem sabe chegando a 20% ou mais até o fim da década de 2020, se os projetos em curso derem certo. O abismo urbano-rural começará a diminuir à medida que o 4G chega às áreas rurais e o satélite conecta vilarejos. A qualidade do serviço também deve melhorar, com mais espectro disponível e, talvez, 5G nos centros urbanos desafogando redes superlotadas. A banda larga via satélite poderá funcionar tanto como concorrente quanto como complemento, pressionando as operadoras móveis a se reinventarem.

No entanto, é importante notar que a luta digital do Burundi está longe de acabar. O país enfrenta uma batalha difícil em termos de capacidade econômica – sem uma redução mais ampla da pobreza, muitos ainda considerarão o acesso à internet um luxo. A estabilidade política e a boa governança também desempenharão um papel; qualquer retorno à instabilidade poderá descarrilar o progresso das telecomunicações (como ocorreu em 2015, quando a crise política levou à estagnação econômica, afetando todos os setores). Salvo esses retrocessos, a trajetória é lentamente positiva. Daqui a alguns anos, a esperança é que histórias de estudantes em províncias remotas acessando ensino a distância via satélite, ou agricultores obtendo informações de mercado por meio de smartphones, tornem-se realidade. O Burundi então poderá passar de praticamente escuro no mapa digital para pelo menos brilhar tenuemente, passo a passo reduzindo a lacuna em relação ao restante da África Oriental.

Conclusão

A jornada do Burundi em busca de conectividade à internet tem enfrentado muitos desafios, mas a verdade por trás dos números é que o progresso – por mais lento que seja – está acontecendo. Dos hotspots 4G da capital às colinas onde os moradores podem em breve ver sua primeira torre de celular, até os satélites agora cruzando os céus transmitindo banda larga, as peças estão se encaixando para tirar o Burundi do isolamento digital. O país continua sendo um dos ambientes de conectividade mais difíceis do mundo, com realidades gritantes: a maioria das pessoas não consegue se conectar, os serviços são caros e lentos, e há grandes lacunas de infraestrutura. Ainda assim, iniciativas como a expansão de redes rurais, políticas governamentais de apoio e soluções inovadoras como a Starlink estão enfrentando diretamente esses problemas.

Dentro da luta digital do Burundi há a história de uma nação tentando saltar para o século XXI contra todas as probabilidades. O país está atrás de seus vizinhos, mas está determinado a não ficar totalmente para trás. A “solução via satélite”, em particular, oferece uma narrativa convincente: que mesmo em um lugar com poucos cabos e baixa eletricidade, é possível conectar um laptop em uma vila à internet global via espaço. Ao combinar isso com redes terrestres aprimoradas e maior acessibilidade, o sonho de um Burundi digitalmente empoderado começa a parecer alcançável. Os próximos anos revelarão até que ponto esses esforços darão frutos. Por ora, o Burundi nos ensina sobre os desafios da conectividade nas margens – e como inovação, investimento e perseverança estão lentamente girando o ponteiro de uma nação offline rumo a um futuro mais conectado.

Fontes: As informações deste relatório foram obtidas de diversas fontes atualizadas e confiáveis, incluindo dados da União Internacional de Telecomunicações, relatórios do Banco Mundial, comunicados do órgão regulador ARCT do Burundi, agências de notícias como Ecofin e Developing Telecoms, e mídia especializada em tecnologia. Estatísticas-chave como a penetração de internet de 11,1% ecofinagency.com, lacunas de cobertura ecofinagency.com, comparações de preços thecitizen.co.tz, e detalhes do lançamento da Starlink spaceinafrica.com foram documentadas com citações ao longo do texto para referência adicional. Esta visão geral abrangente deve servir como base factual para compreender o desafio do acesso à internet no Burundi em 2025 e além.

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