- Ação: Cambium Networks Corporation (NASDAQ: CMBM).
- Data/Movimento: Em 29 de outubro de 2025, CMBM fechou a US$2,95, alta de +377% em relação ao fechamento anterior [1]. No after-market subiu ainda mais (pré-mercado de 30 de outubro em torno de US$5,80 [2], US$6,69 em negociações tardias [3]). No meio do dia 30 de outubro, as ações continuavam voláteis em níveis de múltiplos dólares.
- Notícias recentes: Em 29 de outubro, a Cambium anunciou a integração de sua plataforma ONE Network com o serviço de satélite Starlink da SpaceX [4], desencadeando a alta. Antes, havia divulgado uma carta de deslistagem da Nasdaq (devido ao preço da ação abaixo de US$1 e atrasos em relatórios) [5] [6], e uma transição de CFO (saída de Jacob Sayer em 5 de setembro de 2025) [7].
- Financeiro: Receita dos últimos 12 meses de aproximadamente US$172 milhões, prejuízo líquido de -US$98 milhões, LPA de -US$3,52 [8]. O 2º trimestre de 2025 registrou US$40 milhões em remessas a clientes e US$47 milhões em novos pedidos (6% t/t) [9]. A empresa projeta cerca de +US$184 milhões (2024) e ~US$221 milhões (2025) de receita se os novos produtos ganharem tração [10].
- Analistas: Apenas dois analistas cobrem a CMBM (um de Compra, um de Venda), implicando um consenso de Manter [11]. O MarketBeat mostra um consenso de classificação “Compra” com um preço-alvo de cerca de US$3,00 [12] (implicando uma valorização de ~+300%). O TipRanks, alimentado por IA, cita “queda nas receitas, rentabilidade negativa e aumento da alavancagem” como riscos principais [13].
- Avaliação: Extremamente baixa em relação aos pares. A Cambium é negociada a cerca de 0,1× vendas (EV/vendas ~1,9×) vs ~1,3× (4,7×) para concorrentes do setor de redes [14] [15]. Para comparação, a rival Aviat Networks é negociada em torno de US$24 (valor de mercado de cerca de US$250M) [16] enquanto o valor de mercado da Cambium é de cerca de US$83M [17].
- Touro vs Urso: Os otimistas apontam para o enorme potencial de valorização (crescimento do mercado de wireless/Wi-Fi, integração com a Starlink, diferença de avaliação), enquanto os pessimistas alertam que a exclusão da Nasdaq, queima de caixa e concorrência continuam sendo ameaças sérias [18] [19] [20].
Integração com a Starlink faz ações dispararem
Em 29 de outubro, a Cambium anunciou que sua solução ONE Network agora integra a internet via satélite LEO Starlink da SpaceX [21]. O comunicado de imprensa explicou que isso permite “gestão escalável, visibilidade e otimização de desempenho” para conexões empresariais Starlink, incluindo agregação multi-WAN, segurança avançada e monitoramento centralizado [22] [23]. Em outras palavras, clientes da Cambium (por exemplo, escolas, empresas, provedores de serviço) agora podem combinar múltiplos links Starlink em suas redes cabeadas/sem fio usando as plataformas cnMaestro e NSE da Cambium.
Os investidores viram a parceria como um divisor de águas. No fechamento do mercado em 29 de outubro, CMBM estava em $2,95, um salto de +377% em relação ao dia anterior [24]. (Pouco antes da disparada, as ações estavam em cerca de ~$0,62 [25].) No after-market, a ação disparou mais de +126%, chegando a cerca de $6,69 [26]. No pré-mercado de 30 de outubro, estava em torno de $5,80 [27]. No meio do dia 30 de outubro, a ação estava volátil em níveis de múltiplos dólares. Como observou o TipRanks, a disparada está parcialmente ligada às “conexões com Musk” (controladora da Starlink), que tendem a atrair compras especulativas [28] [29]. O volume de negociações explodiu – a Benzinga reportou mais de 115 milhões de ações negociadas, contra uma média de 3 meses de ~0,25 milhão [30].
A movimentação da Starlink também ilustra a estratégia da Cambium no crescente mercado de redes habilitadas por satélite. Previsões do setor sugerem que a internet via satélite pode apresentar crescimento anual de dois dígitos – o mercado está projetado para expandir mais de 10% ao ano até 2032 (para cerca de US$ 25 bilhões) [31]. A AInvest observa que, ao integrar a Starlink, a Cambium “está se posicionando na vanguarda de um mercado pronto para um crescimento explosivo” [32]. A empresa destaca casos de uso em agricultura, logística, educação e outras áreas remotas que necessitam de conectividade resiliente [33].
Deslistagem da Nasdaq & Mudanças Executivas
O ganho inesperado com a Starlink chegou em meio a sérias preocupações de governança. Em 16 de outubro, a Cambium confirmou que recebeu uma Carta de Determinação da Equipe da Nasdaq (datada de 10 de outubro) informando que suas ações estão sujeitas à deslistagem [34]. Isso ocorreu após mais de 180 dias consecutivos de negociação abaixo do requisito de preço mínimo de US$ 1,00, além do não envio de documentos obrigatórios à SEC para 2024-2025 (10-K anual e 10-Qs do 1º e 2º trimestre) [35] [36]. A carta não acarreta suspensão imediata, mas coloca a Cambium em uma situação precária. A empresa afirma que irá solicitar formalmente uma audiência (e breve extensão da suspensão) para buscar a permanência na listagem [37].
Os atrasos nos registros da Cambium também forçaram a renúncia de seu diretor financeiro de longa data. No final de agosto de 2025, a empresa anunciou que o CFO Jacob Sayer deixaria o cargo em 5 de setembro de 2025, com o VP de Finanças John Waldron assumindo como CFO interino [38]. O mercado de ações é sensível a esse tipo de questão de governança. Como alertou a Finimize, a Cambium “negocia com grande desconto, mas enfrenta grandes riscos com registros atrasados, perdas acentuadas e forte concorrência” [39]. A análise da TipRanks também apontou “fraquezas materiais” e falta de caixa como sinais de alerta [40].
Pipeline de Produtos e Contexto de Mercado
Antes dos eventos de outubro, a Cambium vinha lançando discretamente novos hardwares voltados para seus clientes provedores de internet sem fio (WISP) e corporativos. Em 14 de outubro, lançou dois rádios de assinante classe gigabit (Force 4518 e 4616) para redes fixas sem fio [41]. O CEO Morgan Kurk disse que os novos rádios representam “a mais recente inovação… enquanto continuamos a ajudar os WISPs a expandirem seus negócios… e cumprir a promessa de escalabilidade econômica” [42]. E poucas semanas antes (24 de setembro), a Cambium ampliou seu portfólio com access points Wi-Fi 7, antecipando a demanda inicial de empresas e provedores de serviços. Essas iniciativas acompanham tendências mais amplas do setor: espera-se que os gastos globais com WLAN cresçam dois dígitos, impulsionados pelas implantações de Wi-Fi 7 [43]. O mercado de acesso fixo sem fio também está em expansão – era de cerca de US$ 36,5 bilhões em 2024 e a previsão é chegar a US$ 127,6 bilhões até 2032 (CAGR de ~17%) [44], impulsionado pela demanda por banda larga rural. A Cambium se posiciona como uma opção de valor nesse segmento (atendendo telcos rurais, WISPs, etc.), complementando grandes fornecedores como Cisco, Ubiquiti e Huawei [45].
Resultados Financeiros & Perspectivas
As finanças da Cambium têm estado sob pressão. Nos últimos trimestres, a empresa reportou aproximadamente US$ 40–46 milhões em receitas trimestrais, com margens brutas em torno de 30–40%, mas prejuízos operacionais na casa dos milhões de dígitos únicos altos. Por exemplo, a receita do terceiro trimestre de 2024 foi de US$ 43,7 milhões (queda de 5% t/t) com um prejuízo líquido GAAP de US$ 9,7 milhões [46]. A atualização de negócios do segundo trimestre de 2025 (não auditada) confirmou US$ 40 milhões em remessas (estável t/t) e US$ 47 milhões em novos pedidos (alta de 6%) [47]. Os distribuidores estavam liquidando excesso de estoque (venda pelo canal +17%) [48]. No entanto, os resultados financeiros dos últimos 12 meses continuam fracos: receita total de aproximadamente US$ 172 milhões, prejuízo líquido de -US$ 98 milhões, LPA de -US$ 3,52 [49].
Olhando para frente, analistas estão cautelosamente otimistas se a Cambium conseguir executar seus planos. A Finimize cita estimativas de consenso de que a receita pode se recuperar para cerca de US$ 184 milhões em 2024 e US$ 221 milhões em 2025 [50] – impulsionada pela demanda de 5G/FWA e novos projetos de Wi-Fi 6/7 (por exemplo, uma implantação nacional de Wi-Fi no Marrocos). A empresa afirma que os resultados do terceiro trimestre serão divulgados em 6 de novembro de 2025 (cobrindo o trimestre de setembro) [51]. No lado dos custos, a Cambium reduziu gastos este ano; investiu US$ 35 milhões em P&D em 2024, mas cortou custos operacionais em outras áreas [52]. Notavelmente, o terceiro trimestre de 2024 registrou uma mudança para fluxo de caixa operacional positivo (US$ 8,9 milhões), o que ajudou a aumentar as reservas de caixa para cerca de US$ 46,5 milhões [53]. Com cerca de US$ 18,7 milhões em caixa no final de 2023 (substancialmente elevado no terceiro trimestre de 2024) [54], a empresa tem algum fôlego – mas ainda consome caixa a cada trimestre.
As margens vêm melhorando: a margem bruta não-GAAP do 2T 2024 foi de ~33%, subindo para ~42% no 3T [55]. A Cambium afirma que está mirando o EBITDA de equilíbrio até 2025 [56]. Se conseguir voltar à lucratividade e resolver as questões de compliance, a avaliação extremamente baixa pode se reverter. Como observa a Finimize, o EV/Vendas da Cambium (~1,9×) está muito abaixo da média do setor (~4,7×) [57].
Comentários e Metas de Analistas
A cobertura de Wall Street é escassa. Apenas dois analistas cobrem publicamente a CMBM. Um tem recomendação de Compra e outro de Venda, o que resulta em um consenso oficial de Manutenção [58]. O MarketBeat mostra um preço-alvo médio de 12 meses de cerca de US$3,00 [59], aproximadamente +360% acima dos níveis anteriores ao salto. (O StockAnalysis também apontou um analista com alvo de US$3 [60].) Em outras palavras, mesmo após a alta de 377%, o preço-alvo consensual está próximo do pico da ação – o que implica alta volatilidade caso as expectativas diminuam.
Diversas análises independentes ecoam cautela. O modelo de IA do TipRanks deu uma classificação Neutra (41), alertando para “desafios financeiros significativos, com receitas em queda, lucratividade negativa e aumento da alavancagem representando riscos” [61]. A Finimize enfatiza os “sinais de alerta de governança” vindos dos avisos da Nasdaq [62]. No lado otimista, alguns veem potencial de alta no longo prazo: as ações da Cambium atualmente negociam a apenas ~0,1× vendas futuras, muito abaixo dos pares do setor de redes [63], o que “deixa grande espaço para recuperação” caso o crescimento se concretize. Uma análise da TS2.tech argumenta que o preço-alvo médio (US$3) implica potencial de valorização de ~+385% [64].
Setor e Concorrência
A Cambium atua em um nicho de Wi-Fi empresarial e infraestrutura de wireless fixo. Ela compete indiretamente com grandes empresas de redes (Cisco, HPE/Aruba, etc.) e mais diretamente com fornecedores especializados em wireless (Ubiquiti para Wi-Fi, Aviat para rádios ponto a ponto, CommScope para equipamentos gerais de banda larga). Todo o mercado está crescendo: pesquisas de TI mostram que a receita de WLAN empresarial aumentará cerca de 12% em 2025 com a implantação do Wi-Fi 7, e a adoção de wireless fixo está crescendo em áreas carentes. A estratégia “ONE Network” da Cambium (unificando seus produtos de acesso wireless, ponto a ponto e SD-WAN) visa capturar essa demanda, especialmente entre ISPs rurais e redes municipais. Seus produtos mais recentes (APs Wi-Fi 7, gateways habilitados para starlink) são adaptados a essas tendências. Para contextualizar, concorrentes como a Aviat Networks agora são negociados em torno de US$ 24 (valor de mercado de cerca de US$ 250 milhões) [65], refletindo uma situação muito mais saudável. Os pares da Cambium no setor de telecom mais amplo (Ciena, Arista, CommScope) também geralmente tiveram ganhos no mesmo rali de mercado impulsionado pelo Fed, enquanto as ações da Cambium eram basicamente penny stocks até 29 de outubro [66] [67].
Cenários Bull vs Bear
Cenário otimista (Bull Case): A avaliação está extremamente barata; a cerca de ~0,1× as vendas, a Cambium está com um grande desconto em relação aos pares [68] [69]. Se a integração com a Starlink e os novos produtos Wi-Fi 7 capturarem uma demanda real, as receitas podem disparar. A Cambium também destaca a alavancagem operacional: suas margens brutas já aumentaram acentuadamente (31%→40% no final de 2024 [70]), e a gestão tem como meta EBITDA positivo até 2025 [71]. O mercado endereçável (banda larga fixa empresarial + conectividade via satélite) está crescendo rapidamente [72] [73]. Alguns analistas otimistas observam que um preço de ação de US$ 3 está ao alcance se a Cambium voltar a estar em conformidade e continuar conquistando novos projetos (única recomendação “Compra” do MarketBeat).
Cenário pessimista (Bear Case): Os riscos são agudos. O processo de exclusão da Nasdaq está em andamento [74] [75] – perder mais um prazo de entrega pode desencadear suspensão forçada das negociações ou migração para OTC, eliminando o interesse institucional. O consumo de caixa permanece alto; se o crescimento não acelerar, a Cambium pode ter que levantar fundos por meio de emissão dilutiva de ações ou dívida, pressionando ainda mais o papel. Competição e escala são preocupações: rivais têm mais recursos (Cisco/HPE podem investir mais que a Cambium em P&D), e tecnologias que evoluem rapidamente podem deixar a Cambium para trás. Como a Finimize colocou de forma direta, a recuperação da Cambium depende de arrumar sua “casa financeira”, com qualquer deslize levando a um caminho muito turbulento pela frente [76] [77]. Os investidores permanecem cautelosos: 92% das ações da CMBM estão nas mãos de instituições, mas alguns grandes acionistas (como a Federated Hermes) vêm reduzindo posições em meio à incerteza [78].
Perspectiva
No curto prazo, todas as atenções estão voltadas para 6 de novembro, quando a Cambium divulgará os resultados do terceiro trimestre de 2025. A empresa precisará demonstrar progresso tangível nas vendas (talvez impulsionado pelo momento do Starlink ou pela adoção do Wi-Fi 7) e comprometer-se claramente a corrigir suas falhas de reporte. Analistas e investidores irão avaliar os detalhes dos lucros tendo como pano de fundo as manchetes recentes. Se a Cambium conseguir recuperar a conformidade com a Nasdaq (possivelmente por meio de um desdobramento reverso de ações ou mantendo negociações acima de US$ 1) e a nova tecnologia ganhar tração, a ação pode reverter o desconto de penny-stock. No entanto, se as preocupações regulatórias e de caixa persistirem, o forte rali pós-29 de outubro pode se mostrar passageiro. A grande questão: o acordo com a Starlink levou a Cambium “para a órbita” ou apenas desencadeou um short squeeze em uma ação fundamentalmente problemática?
Fontes: Comunicados de imprensa e registros da empresa [79] [80] [81]; Dados de mercado e relatórios de analistas [82] [83] [84] [85] [86]; previsões do setor [87] [88].
References
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