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O verdadeiro estado da internet na Bielorrússia: com fio, sem fio e vigiando do céu

TS2 Space - Serviços Globais de Satélite

O verdadeiro estado da internet na Bielorrússia: com fio, sem fio e vigiando do céu

The Real State of Internet in Belarus: Wired, Wireless, and Watching from the Sky

A Bielorrússia possui um cenário de internet paradoxal: por um lado, dispõe de uma infraestrutura de rede altamente desenvolvida, com amplo acesso e conexões de alta velocidade acessíveis; por outro, opera sob um dos regimes mais rígidos e censurados da Europa. Em 2022, cerca de 89,5% dos bielorrussos eram usuários de internet freedomhouse.org, refletindo uma penetração significativa mesmo pelos padrões globais. O país investiu fortemente tanto em banda larga fixa (especialmente redes de fibra óptica) quanto em redes móveis sem fio, alcançando algumas das maiores taxas de conectividade da Europa Oriental freedomhouse.org. Este relatório oferece uma visão abrangente da internet na Bielorrússia, cobrindo a infraestrutura de banda larga fixa, o extenso cenário de internet móvel, a conectividade via satélite (“observando do céu”), métricas técnicas de desempenho e a influência das políticas governamentais sobre o acesso e a liberdade. Também analisa as disparidades entre o acesso urbano e rural, a divisão digital entre diferentes grupos sociais e os desenvolvimentos recentes que moldam o futuro da conectividade no país.

Panorama da Penetração e Infraestrutura da Internet

A Bielorrússia desfruta de ampla penetração da internet, sustentada por uma infraestrutura robusta. No início de 2023, cerca de 8,27 milhões de pessoas eram usuárias de internet no país, cerca de 86,9% da população datareportal.com. Estatísticas oficiais igualmente relataram que 89,5% da população estava online no final de 2022, um aumento de quase 3% em relação ao ano anterior freedomhouse.org. Em termos absolutos, a Bielorrússia tinha cerca de 3,1 milhões de assinaturas de banda larga fixa e 9,3 milhões de assinaturas de internet móvel para uma população de 9,4 milhões freedomhouse.org. Isso se traduz numa taxa de penetração de banda larga fixa em torno de 33–35% da população e em uma penetração da banda larga móvel superior a 100% (ou seja, muitos cidadãos têm mais de uma assinatura de dados móveis) freedomhouse.org. De fato, a penetração da internet móvel na Bielorrússia (acima de 100% da população) estava entre as mais altas da Europa Central e Oriental em 2022 freedomhouse.org.

Infraestrutura Fixa: A espinha dorsal da internet na Bielorrússia é uma moderna rede de fibra óptica que alcança a maioria dos centros populacionais. Na última década, redes de fibra óptica do tipo GPON (Gigabit Passive Optical Network) substituíram rapidamente as linhas antigas de ADSL/DSL em todo o país freedomhouse.org. Como resultado, a Bielorrússia está entre os líderes europeus em penetração de fibra óptica domiciliar freedomhouse.org. No final de 2022, a Beltelecom (a operadora nacional de telecomunicações) reportou cerca de 2,9 milhões de assinantes de fibra GPON freedomhouse.org, e esse número atingiu em torno de 3 milhões em meados de 2024 telecomtalk.info. A expansão da fibra superou as cidades e chegou a pequenas cidades e vilarejos; de fato, aproximadamente 82,4% de todos os pequenos povoados com 50–100 habitantes já possuem acesso à banda larga em fibra óptica, graças aos programas de expansão em andamento telecomtalk.info. Estes investimentos fazem parte do programa estadual “Desenvolvimento Digital da Bielorrússia 2021–2025”, que prioriza levar internet de alta velocidade até mesmo a pequenos povoados telecomtalk.info. Consequentemente, a qualidade da banda larga fixa é alta: mais da metade dos usuários opta por planos de 100 Mbps ou superiores e a velocidade média de conexão na rede de fibra da Beltelecom é de cerca de 96 Mbps telecomtalk.info. As velocidades médias nacionais de download em linha fixa ficaram em torno de 53–63 Mbps em 2023–2024 freedomhouse.org freedomhouse.org, uma melhora sólida ano após ano. A latência das conexões fixas é geralmente baixa (da ordem de poucas dezenas de milissegundos em território nacional), devido à moderna infraestrutura de fibra e ligações diretas com as redes backbone europeias e russas.

Conectividade Internacional: A internet bielorrussa está conectada internacionalmente por meio de vários cabos troncais de fibra e enlaces via satélite. O país faz parte dos sistemas de cabos de fibra óptica Trans-Europeu e Trans-Ásia-Europa, com cabos terrestres principais ligando à Letônia, Polônia, Rússia e Ucrânia en.wikipedia.org. A Beltelecom, operadora estatal, controla todos os gateways para a Internet global: ela possui o ponto de troca nacional de internet e os canais backbone que conectam a Bielorrússia a operadoras como a Lattelecom da Letônia, a Rostelecom da Rússia, entre outras en.wikipedia.org. Existem também estações terrenas de satélite (exemplo: Intelsat, Eutelsat) que fornecem conectividade, embora geralmente sejam usadas como backup ou para serviços específicos en.wikipedia.org. Esse controle centralizado do acesso internacional significa que o governo pode monitorar de perto ou até cortar a conectividade externa, se desejar (um ponto ampliado na seção sobre censura). No entanto, em condições normais, a capacidade e a redundância dos links da Bielorrússia (incluindo um enlace de 400 Gbps com a Rússia, inaugurado em 2006 en.wikipedia.org) têm sido suficientes para suprir as necessidades do país.

Principais Provedores de Serviços de Internet (ISPs) e Serviços

Apesar do número de ISPs licenciados na Bielorrússia (cerca de 170 empresas prestavam serviços de telecomunicações em 2023 freedomhouse.org), o mercado é dominado por alguns poucos players, todos de propriedade estatal ou rigidamente controlados pelo Estado. A tabela abaixo resume os principais ISPs e operadores e seus serviços:

ProvedorPropriedadeServiçosBase de Assinantes (aprox.)Observações
BeltelecomEstatal (governo)Banda larga fixa (ADSL, fibra GPON), telefonia fixa; Lançou serviço móvel (4G) em 2022~2,5 milhões em banda larga fixa (2023) freedomhouse.org; móvel: novo entrante (ofertas empacotadas)Monopólio nacional de telecom; detém a rede backbone; marcas incluem “byfly” (internet).
MTS BelarusJoint venture (51% estatal via Beltelecom, 49% Mobile TeleSystems Rússia)Celular móvel (2G/3G/4G LTE)~5,7 milhões de assinantes móveis (meados de 2024) freedomhouse.orgMaior operadora móvel; utiliza infraestrutura beCloud para 4G.
A1 BelarusPrivada (A1 Telekom Austria Group)Móvel (2G/3G/4G); Banda larga fixa (GPON, Ethernet, DSL nas cidades)~4,8 milhões de assinantes móveis (2024) freedomhouse.org; ~400 000 em banda larga fixa freedomhouse.orgAntiga Velcom; segunda maior operadora móvel; adquiriu o provedor fixo Atlant Telecom para oferecer internet residencial.
life:) (BeST)Privada (Turkcell, Turquia)Móvel (2G/3G/4G LTE)~1,5 milhão de assinantes móveis (2024) freedomhouse.orgMenor operadora móvel; totalmente da Turkcell desde 2022.
beCloudAfiliada estatal (Belarusian Cloud Technologies)Operadora de rede 4G nacional atacadista; Data centers(Somente atacado; sem clientes diretos de varejo)Opera a única rede rádio 4G LTE nacional, utilizada por todas as operadoras móveis freedomhouse.org.
NTECEstatal (Centro de Operações & Análise)Ponto de troca e gateway de tráfego de internet(Não atende público diretamente)Centro Nacional de Troca de Tráfego – opera o ponto de peering BY-IX; uma das duas entidades (junto à Beltelecom) responsáveis pelo tráfego internacional freedomhouse.org.

Beltelecom: Como operadora estatal incumbente, a Beltelecom é o alicerce da internet bielorrussa. Ela detém e opera o backbone de fibra e os gateways internacionais do país, significando que todos os outros ISPs dependem de sua infraestrutura em algum nível freedomhouse.org. A Beltelecom domina a banda larga fixa, com cerca de 78% de todas as assinaturas fixas sob seu controle (2,5 milhões de um total de 3,2 milhões em 2023) freedomhouse.org. A empresa oferece banda larga ADSL e fibra (com marcas como byfly), telefonia fixa e, desde o final de 2022, até serviço móvel. (O governo concedeu à Beltelecom uma licença para entrar no mercado móvel, e ela começou a vender pacotes de telefonia móvel, provavelmente como MVNO ou em parceria, combinados com suas ofertas de internet residencial freedomhouse.org.) O quase monopólio da Beltelecom é reforçado por políticas: ela e a NTEC são as únicas entidades autorizadas a lidar com conexões a redes externas freedomhouse.org. Por meio desses pontos de controle, o Estado pode impor padrões de preços e serviços – o lado positivo sendo preços baixos e cobertura universal, o negativo sendo o controle centralizado (abordado mais adiante). Vale destacar que o investimento da Beltelecom em fibra modernizou a internet fixa por toda a Bielorrússia, oferecendo velocidades de gigabit até mesmo em cidades do interior. Ela contava com cerca de 3 milhões de clientes de banda larga em meados de 2024 telecomtalk.info. O maior ISP privado, em comparação (A1), tinha apenas ~400 mil clientes de internet fixa freedomhouse.org, ilustrando o domínio da Beltelecom.

Operadoras Móveis: A Bielorrússia possui três principais operadoras de rede móvel para internet celular voltada ao consumidor: MTS Belarus, A1 e life:). A MTS Belarus é a maior, com cerca de 5,7 milhões de assinantes móveis freedomhouse.org. Trata-se de uma joint venture entre a Beltelecom (estatal) e a MTS da Rússia, o que efetivamente dá ao governo uma participação na maior operadora móvel. A A1 (antiga Velcom) é a segunda maior, com mais de 4,8 milhões de assinantes freedomhouse.org e é de propriedade estrangeira do Telekom Austria Group. A life:) aparece distante em terceiro lugar, com cerca de 1,5 milhão de usuários freedomhouse.org e foi totalmente adquirida pela Turkcell da Turquia em 2022 (após o governo bielorrusso vender sua participação remanescente).

Todas as três operadoras oferecem serviços de voz e dados 2G/3G/4G. Um diferencial da Bielorrússia é o uso do 4G LTE por meio de uma única rede compartilhada: a beCloud (Belarusian Cloud Technologies), uma empresa sob controle estatal, detém toda a infraestrutura 4G, que é alugada para a MTS, A1 e life:) freedomhouse.org. Isso significa que, em vez de cada operadora construir suas próprias torres LTE, a beCloud construiu uma única rede LTE nacional usada por todos – um modelo voltado para eficiência de custos e, presumivelmente, para facilitar a fiscalização estatal. No início de 2024, a cobertura do 4G LTE (via beCloud) atingiu cerca de 93% do território da Bielorrússia e 99% da população freedomhouse.org, um aumento substancial em relação à cobertura de ~83% do território dois anos antes freedomhouse.org. Enquanto isso, as redes 2G/3G cobrem mais de 98% do território freedomhouse.org, garantindo cobertura móvel básica mesmo em áreas remotas. Os serviços 5G ainda não foram lançados comercialmente; apenas pequenos testes-piloto ocorreram. No final de 2023, autoridades admitiram que a implementação total do 5G era “incerta” devido a sanções ocidentais e ao declínio do interesse empresarial freedomhouse.org – colocando, na prática, a próxima geração móvel em espera. Em vez disso, a Bielorrússia parece focar em maximizar a capacidade e a cobertura do 4G no futuro próximo, muitas vezes com ajuda de fornecedores chineses (a Beltelecom tem trabalhado com a Huawei em tecnologia relacionada ao 5G, incluindo testes de sistemas 5G com reconhecimento facial) freedomhouse.org.

Quanto aos serviços, as operadoras móveis oferecem planos típicos de voz, SMS e dados. A internet móvel é amplamente usada para redes sociais, mensagens (particularmente o Telegram, que é popular para notícias, dada a censura à mídia online) e streaming. Graças à rede LTE compartilhada, usuários de qualquer operadora podem obter velocidades 4G nas grandes cidades e na maioria das vilas. No entanto, a concorrência no mercado móvel é um tanto limitada: os preços são relativamente baixos em comparação com a região, mas a influência estatal (especialmente pela participação estatal na MTS e pelo controle da infraestrutura crítica) faz com que as operadoras raramente desafiem diretrizes do governo (por exemplo, elas já cooperaram com ordens de bloqueio de internet, conforme exigido por lei).

Disparidades de Acesso Urbano x Rural

A Bielorrússia é um país altamente urbanizado – cerca de 80,5% da população vive em áreas urbanas (cidades e vilas) freedomhouse.org. Historicamente, cidades como Minsk e capitais regionais desfrutaram de melhor acesso à internet do que vilarejos rurais. No entanto, essa diferença diminuiu nos últimos anos devido a desenvolvimentos de infraestrutura planejados. Em 2022, cerca de 92,5% dos moradores urbanos utilizavam a internet, contra 79,7% dos moradores rurais freedomhouse.org. Essa diferença de cerca de 13 pontos percentuais, embora significativa, é menor do que no passado (para contexto, em meados da década de 2010 apenas cerca de 40% dos residentes rurais estavam on-line, contra mais de 70% nas cidades). Agora, mesmo no campo, a grande maioria tem acesso à internet, principalmente via redes móveis ou, cada vez mais, por fibra óptica nas maiores vilas.

Minsk, a capital, permanece como a localidade mais bem conectada: cerca de 95,2% dos moradores da cidade de Minsk usam a internet freedomhouse.org, praticamente uma saturação total. Outras regiões ficam um pouco atrás; por exemplo, a região de Hrodna (Grodno) tem cerca de 91,3% de uso da internet, enquanto o menor percentual é da região de Minsk (áreas rurais ao redor da capital), com 83,8% freedomhouse.org. Isso sugere que até mesmo a região menos conectada possui mais de quatro quintos de sua população on-line. A divisão urbano-rural é mais acentuada em determinados grupos demográficos – especialmente os idosos. Nas cidades, 53,4% dos idosos (65 anos ou mais) eram usuários de internet em 2021, enquanto nas vilas apenas 28,2% dessa faixa etária estava on-line freedomhouse.org. Isso evidencia que a divisão digital restante na Bielorrússia está agora associada principalmente à idade e educação (letramento digital), e não mais à mera disponibilidade da infraestrutura.

Do ponto de vista da infraestrutura, praticamente toda cidade de algum porte está conectada. Todos os centros distritais possuem banda larga (ADSL ou fibra) desde o final dos anos 2000 en.wikipedia.org. A expansão contínua da fibra GPON está levando internet cabeada de alta velocidade até localidades com apenas algumas dezenas de residências telecomtalk.info. Onde fibra ou banda larga cabeada não chega, a cobertura móvel 3G/4G preenche a lacuna – usuários rurais frequentemente dependem da internet móvel de smartphones ou de roteadores Wi-Fi 4G. Um desafio restante é que vilarejos menores podem contar apenas com serviço 3G antigo ou com sinal mais fraco, afetando a velocidade. Mas com o 4G agora cobrindo 99% da população freedomhouse.org, a banda larga básica via rede celular tornou-se praticamente universal.

A acessibilidade também melhorou em todo o território nacional, beneficiando usuários rurais. As tarifas de internet na Bielorrússia são muito baixas em relação à renda (detalhes em Inclusão Digital), tornando o custo uma barreira menor do que em muitos países. Resumindo, os residentes urbanos ainda aproveitam as conexões mais rápidas (fibra gigabit em muitos bairros de Minsk, múltiplas opções de ISP nas cidades), enquanto os rurais geralmente têm escolhas mais limitadas (em geral só a rede Beltelecom e uma operadora móvel) e velocidades um pouco menores. Mas quase todos, dos moradores das cidades aos agricultores, já conseguem acessar a internet. As lacunas remanescentes estão sendo reduzidas por programas estatais voltados à “universalização” do acesso à banda larga até mesmo nas comunidades menores.

Panorama da Internet Móvel

A internet móvel é a base da conectividade bielorrussa, com penetração efetivamente igual ou superior a 100% da população freedomhouse.org. Isso indica que muitos bielorrussos usam mais de um chip ou assinatura móvel – comum para quem separa linhas profissionais/pessoais ou utiliza chips dedicados apenas para dados. O cenário móvel é definido por ampla cobertura, velocidade crescente e planos de dados relativamente acessíveis, sob o comando das três principais operadoras (MTS, A1, life:)).

Cobertura e Tecnologia de Rede: A Bielorrússia alcançou cobertura móvel praticamente universal. As redes GSM (2G) e 3G cobrem mais de 98–99% do território do país freedomhouse.org, garantindo serviço de voz/SMS em praticamente todas as áreas habitadas. A rede 4G LTE, lançada em 2015 pelo modelo de compartilhamento de infraestrutura da beCloud, se expandiu rapidamente. Em abril de 2024, os sinais 4G cobriam 93% do território da Bielorrússia e 99% da sua população freedomhouse.org. Isso significa que quase toda localidade habitada tem acesso ao 4G, embora áreas muito remotas possam depender do 3G. Vale notar que a cobertura territorial saltou de ~83% para 93% em cerca de dois anos freedomhouse.org freedomhouse.org, refletindo uma intensificação na implantação de novas estações LTE (muitas vezes utilizando equipamentos chineses).

Todas as operadoras compartilham a rede 4G da beCloud, que opera principalmente nas frequências Banda 20 (800 MHz) e Banda 3 (1800 MHz). Essa rede compartilhada fornece velocidade LTE aos assinantes da MTS, A1 e life:) sem que cada uma construa torres duplicadas. Isso traz vantagens de custo, mas faz com que todas tenham mapas de cobertura 4G idênticos (diferenças apenas em preço e atendimento ao cliente). A desvantagem é que, caso a beCloud sofra uma falha ou o governo ordene o bloqueio da rede da beCloud, todos os usuários 4G de todas as operadoras são afetados ao mesmo tempo – um ponto central de controle.

Velocidades Móveis: As velocidades típicas da internet móvel na Bielorrússia são decentes, embora não excepcionais pelos padrões globais do 4G. Em 2023, a velocidade média de download móvel era cerca de 12 Mbps freedomhouse.org. Em meados de 2024, essa mediana era semelhante (em torno de 11,5 Mbps) freedomhouse.org, o que sugere melhorias modestas ou estagnação à medida que a base de usuários se satura. As velocidades máximas do 4G nas cidades podem ser muito maiores (dezenas de Mbps até 100 Mbps em condições ideais), mas muitos usuários enfrentam velocidades menores, especialmente em áreas congestionadas ou rurais. As velocidades de upload em LTE geralmente ficam em alguns Mbps. A latência no 4G é em média de 30–50 milissegundos em medições do Speedtest – adequada para a maioria dos aplicativos, mas não tão baixa quanto na fibra. Vale observar que a internet móvel na Bielorrússia é rápida o suficiente para streaming de vídeo em HD, redes sociais e VoIP, mas aplicações pesadas como uploads de arquivos grandes ou streaming em ultra-HD ainda são melhores com conexões de fibra.

A introdução do 5G permanece incerta. Pequenas zonas piloto foram testadas em Minsk com equipamentos da Huawei, mas, até 2024, não há serviço comercial de 5G freedomhouse.org. Sanções ocidentais (impostas devido à situação política da Bielorrússia e seu papel no conflito da Ucrânia) impediram empresas como Nokia ou Ericsson de fornecerem equipamentos de 5G, e até mesmo fornecedores chineses enfrentam problemas de financiamento e exportação. Além disso, o “desinteresse” do governo em 5G indica que não veem uma necessidade econômica urgente enquanto a capacidade do 4G ainda está sendo aprimorada freedomhouse.org. Por enquanto, a Bielorrússia é um dos poucos países europeus sem cronograma de implementação do 5G. Em vez disso, as operadoras estão melhorando o 4G (por exemplo, a A1 e outras reaproveitaram espectros do 3G para reforçar a capacidade do 4G em áreas rurais frequencycheck.com).

Uso de Internet Móvel: A maioria dos bielorrussos acessa a internet diariamente via smartphones. Em 2023, dispositivos móveis foram responsáveis por cerca de 53% de todas as visualizações de páginas da web na Bielorrússia, contra 47% provenientes de computadores statista.com. Mídias sociais, mensagens (Telegram, Viber) e o consumo de notícias dependem fortemente dos dados móveis. O usuário médio de smartphone na Bielorrússia consome significativamente mais dados a cada ano; por exemplo, a MTS reportou crescimento de dois dígitos no tráfego de dados móveis nos últimos anos (aumento de 44% em 2020) à medida que a cobertura do 4G aumentava freedomhouse.org. Com dados baratos (2 GB de dados móveis custavam apenas ~0,62% da RNB mensal per capita em 2022 freedomhouse.org – uma das menores proporções no padrão internacional), a internet móvel é muito acessível em termos de custo.

Planos e Preços: Os planos de dados móveis da Bielorrússia são baratos em relação à Europa. Pacotes ilimitados ou de alto volume são oferecidos a preços acessíveis para um salário modesto local. Por exemplo, em 2023, um pacote inicial de internet móvel (alguns GB) poderia custar apenas alguns dólares por mês. Essa acessibilidade foi uma escolha política consciente para estimular a conectividade. Todas as operadoras exigem o registro do cartão SIM com identidade/passaporte (por regras do governo), e SIMs anônimos pré-pagos não são realmente uma opção – todo SIM é vinculado a um registro de passaporte em um banco de dados centralizado acessível pelas autoridades freedomhouse.org. Apesar disso, o processo é simples e o mercado tem boa competição nos preços.

Em resumo, o cenário da internet móvel na Bielorrússia é de cobertura ubíqua, infraestrutura guiada pelo Estado e uso crescente. Embora não esteja na vanguarda da tecnologia sem fio (ainda sem 5G), o país alavancou o 4G para conectar virtualmente toda a população. As redes móveis também servem como backup à rede fixa em tempos de quedas ou interrupções deliberadas, como em incidentes anteriores, onde as redes móveis foram as últimas a serem limitadas (já que desligar toda a rede móvel traria maior custo econômico). A internet móvel continuará sendo vital, especialmente para usuários rurais e aqueles que procuram contornar monitoramento doméstico ou do trabalho utilizando dados celulares.

Disponibilidade de Internet via Satélite e “Vigiando do Céu”

Na Bielorrússia, a internet via satélite é um segmento de nicho e altamente regulamentado dentro do cenário de conectividade. Dadas as redes terrestres fortes, os serviços de satélite não são amplamente utilizados pelo público geral, e o governo impõe controles rigorosos sobre ligações via satélite independentes por preocupações de censura e segurança. Ainda assim, é importante examinar quais opções existem para conectividade “do céu”, incluindo tanto projetos domésticos de satélite quanto fornecedores internacionais como Starlink ou OneWeb.

Programas Nacionais de Satélite: A Bielorrússia opera seu próprio satélite de comunicações, o Belintersat-1, um satélite geoestacionário lançado em 2016 como projeto conjunto com a China (também conhecido como ChinaSat-15). O Belintersat-1 fornece serviços como transmissão de TV via satélite e pode suportar conexões de banda larga para dados na Europa, África e Ásia, a partir de sua posição orbital em 51,5°E hajun.info. O satélite é gerenciado por uma empresa estatal (a Fábrica de Eletromecânica de Precisão, sob o Ministério das Comunicações) e faz parte do Sistema Nacional de Comunicação e Transmissão via Satélite hajun.info. Na prática, a largura de banda do Belintersat é em grande parte comercializada para transmissão de TV comercial e uso governamental (comunicações militares, escritórios remotos do governo, etc.), em vez de internet varejista para cidadãos. O exército bielorrusso, por exemplo, desenvolveu sistemas móveis de comunicação que usam o Belintersat-1 para acesso à internet em campo como backup às redes terrestres hajun.info hajun.info.

Um detalhe crucial é a restrição da Bielorrússia sobre internet via satélite bidirecional para civis. Por política, indivíduos e empresas só podem usar serviços via satélite unidirecionais (ou seja, TV via satélite ou feeds de dados em um só sentido) – todo o tráfego de internet de saída dos usuários deve passar por redes terrestres e gateways controlados pelo Estado hajun.info. Terminais de satélite bidirecionais (VSATs, que enviam e recebem dados via satélite) requerem permissão especial e, na prática, são limitados ao militares, a certos órgãos estatais e a embaixadas estrangeiras hajun.info. Isso significa que uma pessoa comum na Bielorrússia não pode legalmente instalar uma antena parabólica para conectar-se diretamente a um satélite de internet de forma independente; fazê-lo contornaria o monitoramento do governo, e as autoridades ativamente detectam e processam links satelitais não autorizados hajun.info hajun.info. O centro estatal de monitoramento de radiofrequência (BelGIE) é relatado como capaz de detectar “usuários ilegais de internet via satélite bidirecional” e já multou pessoas por essas tentativas hajun.info. Todo o tráfego civil de internet, mesmo de áreas remotas, deve “aterrar” na Bielorrússia por meio do teleporto oficial e sair pela rede terrestre controlada pelo governo (garantindo que censura e filtragem sejam aplicadas) hajun.info.

Em essência, a Bielorrússia canaliza rigorosamente todo o tráfego de internet por sua infraestrutura terrestre controlada, mesmo que um satélite esteja envolvido. Por exemplo, um usuário rural pode usar uma antena parabólica para receber dados, mas seus pedidos de saída seriam enviados por uma linha telefônica ou rede celular para o gateway nacional, em vez de retornarem diretamente ao satélite. Esta política contrasta fortemente com o uso livre de banda larga via satélite em muitos outros países.

Starlink e OneWeb: Dadas as restrições acima, não é surpreendente que novas constelações de satélites em órbita baixa (LEO), como a Starlink da SpaceX e a britânica OneWeb, estejam essencialmente indisponíveis na Bielorrússia. A Starlink se expandiu rapidamente pelo mundo, mas a Bielorrússia (assim como sua aliada Rússia) não demonstrou intenção de permitir o serviço. Em 2025, os mapas oficiais de cobertura da Starlink não incluem a Bielorrússia, e a empresa “não listou intenção de lançar o serviço” no país (o mesmo vale para outros estados altamente controlados, como China, Irã, Coreia do Norte, Rússia, etc.) zerohedge.com. Em outras palavras, bielorrussos não podem legalmente comprar ou operar um terminal Starlink nas condições atuais. Qualquer tentativa de contrabandear e usar um terminal violaria as leis bielorrussas e provavelmente seria detectada pelas ferramentas de fiscalização do Estado. A posição do governo é que a internet via satélite sem controle representa uma ameaça à segurança nacional e à censura, pois não pode ser facilmente desligada ou monitorada em comparação com as redes terrestres zerohedge.com zerohedge.com. Situação semelhante ocorre com a OneWeb: não há revendedor oficial ou estação terrestre da OneWeb na Bielorrússia e, considerando que os lançamentos da OneWeb dependiam anteriormente de foguetes russos (interrompidos devido à guerra na Ucrânia), a Bielorrússia também não buscou esse serviço.

Vale mencionar que durante os protestos de 2020–2021 na Bielorrússia, e após o início da guerra da Rússia na Ucrânia, muitos ativistas especularam sobre o uso de internet via satélite (como Starlink) para contornar bloqueios. Contudo, na prática, a Starlink não foi implantada na Bielorrússia. A proibição legal antecipada desses dispositivos pelo governo, além do alto risco de punição, até agora impediu qualquer adoção significativa.

Opções Legadas de Internet via Satélite: Antes das constelações LEO, as únicas opções de internet via satélite eram os tradicionais serviços VSAT geoestacionário. Eles normalmente são fornecidos por operadoras internacionais de satélite (por exemplo, via Intersputnik, Eutelsat, Intelsat cobrindo a região da Bielorrússia) e exigem uma antena parabólica com transceptor. Tais serviços existem tecnicamente – por exemplo, algumas empresas anunciam conectividade VSAT na Bielorrússia usando satélites caso a caso globaltt.com. Mas, mais uma vez, devido à necessidade de licença, um usuário ou empresa bielorrussa precisaria de aprovação do governo (e provavelmente trabalhar com a Beltelecom ou um provedor licenciado) para instalar um link VSAT. Os custos também são proibitivos para consumidores comuns (equipamentos e mensalidades são muitos altos em relação à renda local). Assim, a base prática de usuários de internet por satélite na Bielorrússia é extremamente reduzida – provavelmente limitada a indústrias remotas (por exemplo, alguns oleodutos, locais de extração), missões diplomáticas, ou como backup emergencial para infraestrutura crítica.

Satélite para Vigilância? A expressão “olhando dos céus” também sugere o uso de satélites para monitoramento. Embora não seja exatamente acesso à internet, vale notar que a Bielorrússia coopera com Rússia e China em vigilância via satélite, e o regime bielorrusso considerou suas próprias soluções de comunicação “soberanas” por satélite (o chamado “análogo bielorrusso da Starlink” demonstrado ao presidente Lukashenko era essencialmente um centro de comando móvel improvisado conectando-se ao Belintersat-1) hajun.info hajun.info. O objetivo por trás dessas iniciativas é ter canais de comunicação independentes, mas controlados em caso de guerra ou instabilidade interna, e não fornecer internet aberta aos cidadãos.

Em resumo, a internet via satélite na Bielorrússia permanece marginal e restrita. Ao contrário de algumas áreas rurais do mundo onde a banda larga via satélite é uma revolução, na Bielorrússia o governo prefere ampliar redes terrestres (fibra e celular) em todo lugar e manter controle rígido sobre os pontos de acesso. Salvo uma mudança política drástica, serviços como Starlink continuarão fora dos céus da Bielorrússia, e a população seguirá dependente da conectividade baseada em solo.

Desempenho Técnico: Velocidade, Cobertura e Latência

Os indicadores de desempenho da internet na Bielorrússia refletem sua infraestrutura moderna. Aqui detalhamos os aspectos técnicos principais da conectividade no país:

  • Largura de Banda (Velocidade): As velocidades de banda larga fixa na Bielorrússia são relativamente altas, graças à implantação de fibra óptica. No início de 2023, a mediana da velocidade de download fixa era cerca de 53,4 Mbps, e em 2024 subiu para 63 Mbps freedomhouse.org freedomhouse.org. Muitos usuários urbanos de fibra aproveitam velocidades de pico muito maiores (planos de 100 Mbps, 200 Mbps ou até gigabit estão disponíveis na Beltelecom e A1). Mais da metade dos assinantes de banda larga fixa escolhem pacotes de 100 Mbps ou acima telecomtalk.info. As velocidades de upload na fibra GPON costumam ser simétricas ou quase (por exemplo, planos de 100/50 Mbps). Para o móvel, as velocidades medianas de download giram em torno de 11–12 Mbps freedomhouse.org freedomhouse.org, o que é modesto mas suficiente para usos comuns. As velocidades LTE variam muito: em áreas descongestionadas você pode obter 30–50 Mbps, enquanto em células congestionadas ou em fallback 3G pode ser apenas alguns Mbps. A tendência é de crescimento, com velocidades fixas e móveis melhorando a cada ano conforme a infraestrutura é atualizada freedomhouse.org.
  • Cobertura e Confiabilidade: Como detalhado anteriormente, a cobertura tanto das redes cabeadas quanto das sem fio é extensa. Praticamente todas as cidades, vilas e grandes aldeias têm acesso à banda larga fixa (senão fibra, ao menos ADSL ou cabo). A cobertura móvel é quase universal para serviço básico e efetivamente universal para internet se considerarmos 3G/EDGE em regiões remotas. A confiabilidade das redes centrais é geralmente boa – a Bielorrússia possui um anel nacional de fibra ótica bem desenvolvido ligando as principais cidades, o que gera redundância. Contudo, problemas de confiabilidade normalmente se originam não de falhas técnicas, mas de ações intencionais do governo (por exemplo, limitação de velocidade ou bloqueios durante eventos políticos, que abordaremos na próxima seção). Falhas de energia ou infraestrutura antiga são menos comuns devido à modernização contínua promovida pela Beltelecom. Dito isso, a infraestrutura de acesso rural pode ser mais frágil: alguns usuários remotos em DSL podem experimentar cortes de linha ou lentidão. Redes móveis podem ficar sobrecarregadas em grandes eventos (ex: multidões ou durante apagões de informação quando todos recorrem a VPNs).
  • Latência: Para tráfego doméstico e internacional próximo, a latência é bastante baixa. Um usuário em Minsk acessando um servidor em Minsk ou Moscou pode observar pings de ~10–30 ms. Mesmo para Frankfurt ou Londres, o ping pode ser da ordem de 40–70 ms graças a rotas diretas de fibra para o oeste. A mediana da latência em banda larga fixa reportada pelo Speedtest era por volta de 21 ms em 2023 (embora não citada no texto, esse é um valor típico para as velocidades obtidas). A latência móvel no 4G é mais alta, frequentemente ~40–60 ms, e pior no 3G (100 ms+). Conexões via satélite, quando utilizadas, apresentam latência muito elevada: satélite geoestacionário tem ~600–700 ms de latência por viagem de ida e volta, tornando-o impraticável para aplicações em tempo real. (Satélites LEO como Starlink ofereceriam ~20–50 ms, mas novamente não estão presentes na Bielorrússia). Em essência, usuários típicos de internet bielorrussa vivenciam latência comparável a outras redes desenvolvidas – suficiente para videochamadas, jogos online (cabo é preferível para jogos rápidos) e serviços em nuvem.
  • Capacidade e Limitação de Velocidade: O backbone da Bielorrússia possui capacidade significativa (vários links de 100 Gbit/s com vizinhos) en.wikipedia.org e, internamente, as redes de fibra suportam o tráfego sem problemas. As redes de acesso local (como GPON) têm uma razão de contenda, mas conseguem entregar a velocidade prometida na maioria do tempo. No móvel, a capacidade pode ser um problema em áreas densas, mas as operadoras têm adicionado mais estações base e faixas de frequência para mitigar isso. Em períodos politicamente sensíveis, usuários relataram lentidão inexplicada ou dificuldade em acessar certos serviços (mais sobre censura abaixo), indicando limitação de velocidade intencional e não limitação técnica. Por exemplo, em 2020, as autoridades em certos momentos limitaram a largura de banda móvel ou a desativaram em determinados locais para dificultar a comunicação dos manifestantes freedomhouse.org freedomhouse.org.

Em resumo, a internet da Bielorrússia é tecnicamente robusta: rápida e amplamente disponível, rivalizando com muitos países da UE em indicadores como penetração de fibra e cobertura móvel. Usuários comuns podem assistir vídeos em HD, fazer videoconferências e usufruir de serviços modernos de internet sem grandes problemas. Os principais desafios de desempenho não são técnicos, mas sim impostos pela política, como bloqueios e eventuais desligamentos.

Controle Governamental, Censura e Vigilância

Nenhuma análise da internet da Bielorrússia está completa sem examinar a forte presença do controle governamental. O Estado, sob o regime autoritário do presidente Alexander Lukashenka, mantém um controle rígido sobre a infraestrutura e o conteúdo da internet. Isso se manifesta de várias formas: propriedade das principais redes, mecanismos legais e técnicos de censura, vigilância da atividade online e interrupções periódicas de conectividade por motivos políticos.

Monopólio estatal e pontos de estrangulamento: O governo bielorrusso possui ou controla diretamente a infraestrutura crítica da internet. A Beltelecom, maior empresa de telecomunicações, é estatal e opera a rede principal “da qual todos os outros ISPs dependem” freedomhouse.org. O Centro Nacional de Troca de Tráfego (NTEC) – órgão subordinado ao Centro de Operações e Análise Presidencial (OAC) – e a Beltelecom são as únicas duas entidades autorizadas a manipular o tráfego de internet que cruza a fronteira nacional freedomhouse.org. Na prática, o NTEC opera o Ponto de Troca de Internet doméstico (BY-IX) para interconexão local, enquanto a Beltelecom administra os gateways internacionais. Isso significa que todo o tráfego internacional de internet (seja requisições web, e-mails, etc.) deve passar por equipamentos controlados por essas duas entidades, dando às autoridades a capacidade técnica de filtrar, limitar ou cortar conexões à vontade freedomhouse.org. Provedores independentes não têm roteamento autônomo – compram banda da Beltelecom ou do NTEC, então, se esses forem derrubados, todos ficam offline.

Bloqueios de internet: As autoridades bielorrussas já mostraram disposição para acionar o “botão de desligar” da conectividade durante crises. Notadamente, durante a eleição presidencial de agosto de 2020 (amplamente considerada fraudulenta) e os subsequentes protestos em massa, o governo provocou um apagão quase total da internet por cerca de 61 horas em todo o país, começando na noite da eleição freedomhouse.org. Foi uma interrupção generalizada afetando internet móvel, a maioria dos sites e até VPNs – essencialmente isolando a Bielorrússia da internet global. Depois disso, no fim de 2020, apagam localizados e intermitentes foram impostos, especialmente aos domingos, quando ocorriam grandes marchas de protesto freedomhouse.org. Relatos indicam que o governo também bloqueou sinais de internet móvel em áreas de protestos para dificultar a coordenação freedomhouse.org. Essas ações foram inéditas para a Bielorrússia e sinalizaram um novo nível de controle, semelhante a táticas vistas em regimes autoritários de outros países. Em 2021, o regime foi além e alterou a Lei de Telecomunicações para permitir explicitamente que o governo derrube ou limite redes sob alegação de segurança nacional freedomhouse.org. Essa proteção legal basicamente legitima futuros apagões. Embora 2022–2023 não tenha registrado interrupções em escala nacional (não houve eventos comparáveis aos protestos de 2020), ainda ocorreram incidentes – por exemplo, em agosto de 2023, quando mercenários do grupo Wagner, ligado à Rússia, estavam na Bielorrússia, interrupções locais de internet móvel foram relatadas próximo ao acampamento deles freedomhouse.org. E no final de dezembro de 2023, as autoridades bloquearam brevemente o YouTube durante o discurso online de um líder da oposição freedomhouse.org. Em resumo, o governo tem tanto os meios quanto o respaldo legal para cortar a conectividade, parcial ou totalmente, e já o fez em tempos politicamente sensíveis.

Bloqueio de sites e censura de conteúdo: No dia a dia, a Bielorrússia pratica censura generalizada de conteúdo online. O governo mantém uma lista extensa de sites que os ISPs são obrigados a bloquear. No fim de 2022, mais de 10.000 sites estavam bloqueados no país freedomhouse.org – número que cresceu pelo menos mais 2.000 ao longo de 2023 freedomhouse.org. Incluem não apenas conteúdo extremista ou ilegal, mas praticamente todos os veículos de mídia independentes, sites de notícias da oposição, organizações de direitos humanos e muitos portais estrangeiros de notícias. Por exemplo, o portal de notícias mais popular do país, o TUT.by, foi bloqueado em 2021 e depois rotulado como “extremista”, cortando o acesso de seus 3,3 milhões de usuários diários freedomhouse.org. O site sucessor (Zerkalo.io, operando em exílio) foi imediatamente bloqueado também freedomhouse.org. Todos os principais sites de notícias não-estatais agora estão bloqueados ou forçados ao exílio, restando acessíveis apenas portais apolíticos como o Onliner.by freedomhouse.org. As autoridades chegaram a bloquear sites apenas por conexão indireta à oposição – em 2023, bloquearam o Flickr (rede de compartilhamento de fotos) e uma grande biblioteca digital em língua bielorrussa, suspeitando-os de hospedar conteúdo contrário à narrativa oficial freedomhouse.org. Além disso, várias páginas de redes sociais e canais do Telegram foram declarados “extremistas”, tornando crime até mesmo para o cidadão ler ou assinar esses conteúdos. A lista exata de sites bloqueados é mantida em segredo (ela própria, informação restrita) e as decisões de censura frequentemente justificam-se por “ameaça à segurança nacional”, segundo a Lei de Mídia freedomhouse.org.

Para impor esses bloqueios, a Bielorrússia utiliza inspeção profunda de pacotes (DPI) e tecnologias de filtragem tanto nos ISPs quanto no backbone. Em março de 2022, a Beltelecom anunciou uma licitação para adquirir US$ 4 milhões em equipamentos de hardware/software para “coletar e armazenar informações sobre visitas dos usuários a recursos da internet e bloquear esses recursos” freedomhouse.org. Isso indica o investimento contínuo em aparatos de censura. Relata-se que a Bielorrússia busca auxílio técnico da Rússia (que implementou seu próprio regime de bloqueios vasto) para fortalecer essas capacidades freedomhouse.org. O resultado é que acessar conteúdo bloqueado frequentemente requer ferramentas de contorno (VPN, Tor, proxies).

Repressão às ferramentas de contorno: Naturalmente, muitos bielorrussos recorreram a redes privadas virtuais (VPNs) e ferramentas de anonimização para driblar a censura. O governo respondeu tentando bloquear ou restringir VPNs e Tor. Na verdade, utilizar VPNs ou Tor para fins ilegais já era proibido desde 2015 freedomhouse.org, mas a fiscalização foi branda por anos. Após 2020, porém, o regime passou a mirar ativamente nessas ferramentas. Em 2020, bloqueou o popular proxy Psiphon freedomhouse.org. Em 2023–2024, foram desenhados planos para usar filtragem de tráfego a fim de limitar o uso de VPNs de modo mais amplo freedomhouse.org. Em maio de 2024, quando um grupo opositor no exílio organizou uma “eleição alternativa” por uma plataforma online segura, o governo reagiu bloqueando pelo menos quatro grandes serviços de VPN (Psiphon, Turbo VPN, TunnelBear e HUB VPN) para evitar que a população votasse online freedomhouse.org freedomhouse.org. Esse jogo de gato e rato faz com que a caixa de ferramentas do belarusso médio para acessar a internet aberta esteja encolhendo. O Tor também foi visado; apesar de não ser 100% eficaz, técnicas baseadas em DPI dificultam ocasionalmente a conexão à rede Tor. Também foram introduzidas penalidades legais para quem fornece dicas de contorno consideradas “ilegais”.

Vigilância e Privacidade: A Bielorrússia emprega um regime extensivo de vigilância sobre as telecomunicações. Por lei, todas as operadoras de telecomunicações devem implementar o equipamento SORM (Sistema de Atividades de Investigação Operacional), originalmente um sistema russo, que permite a interceptação em tempo real das comunicações telefônicas e de internet para aplicação da lei (notadamente, o KGB e o OAC da Bielorrússia) freedomhouse.org. O Centro de Operações e Análises (OAC) presidencial – inicialmente uma subdivisão do KGB – supervisiona a vigilância da internet e tem autoridade sobre o cumprimento dos ISPs quanto à coleta de dados freedomhouse.org. Todos os provedores de internet e telefonia são obrigados a reter dados de usuários e auxiliar as autoridades. Como mencionado, o registro de chips SIM é obrigatório: é necessário apresentar passaporte para comprar um SIM, e essa informação vai para um banco de dados eletrônico acessível ao Ministério do Interior e aos serviços de segurança freedomhouse.org. Isso elimina o acesso móvel anônimo. Além disso, cibercafés ou hotspots Wi-Fi públicos (como em hotéis) são obrigados a identificar os usuários (geralmente por passaporte ou código SMS) antes de conceder acesso à internet.

No nível da rede, o governo vigia extensivamente as redes sociais e a troca de mensagens. Após os protestos de 2020, milhares de pessoas foram presas por suas postagens online ou mesmo por mensagens privadas em chats. Os serviços de segurança infiltraram chats da oposição no Telegram e usaram captadores IMSI e outros meios para associar atividades online anônimas a identidades reais. O regime também utiliza táticas de intimidação, como forçar ativistas detidos a desbloquearem seus smartphones e contas sociais, extraindo listas de contatos para ampliar a rede de vigilância. “Big Brother” está muito presente na internet bielorrussa – a Freedom House classifica consistentemente a Bielorrússia como “Não Livre” no que diz respeito à liberdade na internet, citando vigilância ubíqua e represálias severas por dissidência online.

Notavelmente, conteúdos online são criminalizados por meio de leis amplas. Dezenas de blogueiros e jornalistas online foram presos sob acusações como “extremismo” ou “insulto ao presidente”, apenas por postagens no YouTube ou Telegram freedomhouse.org freedomhouse.org. Cidadãos comuns receberam sentenças de vários anos por comentários em redes sociais considerados antigovernamentais. O clima é tal que muitos que discutem política online o fazem sob pseudônimos e com VPN/Tor (quando possível), mesmo assim correndo risco de desanonimização. Em um exemplo extremo, o governo até desviou um avião comercial em 2021 para prender um blogueiro dissidente (Roman Protasevich, do Nexta), que sequer estava na Bielorrússia naquele momento – sublinhando até onde o regime vai para capturar ativistas online bbc.com.

Conclusão sobre o Controle: O governo bielorrusso construiu uma “internet dentro dos limites” – infraestrutura de alta qualidade que pode fornecer informações e serviços, mas dentro de um jardim estritamente monitorado e filtrado. A frase “vigiando do céu” é apropriada não só para satélites, mas para o olhar atento do governo sobre o ciberespaço. Seja por meios técnicos (monopólio estatal de ISP, filtragem DPI, botões de corte) ou legais (leis vagas de extremismo, retenção obrigatória de dados), o Estado está onipresente no domínio digital da Bielorrússia. Isso naturalmente reduz parte dos benefícios da forte infraestrutura: por exemplo, serviços em nuvem e sites estrangeiros podem ser bloqueados arbitrariamente, e empreendedores ou pesquisadores podem encontrar recursos essenciais inacessíveis. Apesar desses controles, a população bielorrussa tem demonstrado engenhosidade em encontrar notícias e se comunicar (o Telegram, por exemplo, permanece um salva-vidas, pois usa infraestrutura descentralizada difícil de bloquear completamente, mesmo em 2020).

Inclusão Digital e o Fosso Digital

A inclusão digital na Bielorrússia é uma história de ampliação do acesso, temperada por divisões sociais e geracionais. Os esforços concentrados do país para expandir a infraestrutura e manter os preços da internet baixos fecharam substancialmente o clássico fosso digital do urbano versus rural ou rico versus pobre, mas persistem diferenças em termos de idade, idioma e qualidade de uso.

Por outro lado, o acesso à internet é amplamente acessível e de baixo custo para praticamente todos os segmentos da sociedade. Segundo o benchmarking de preços da UIT, em 2022 o custo de um pacote básico de internet na Bielorrússia era um dos menores do mundo: por exemplo, 2 GB de dados móveis custavam apenas 0,62% da RNB per capita, e um plano de banda larga fixa de 5 GB custava cerca de 0,73% da RNB per capita freedomhouse.org. Esses números superam a meta de acessibilidade da ONU e colocam a Bielorrússia no topo dos países para internet barata. Em valores absolutos, US$ 10–US$ 15 por mês podem comprar um plano residencial de banda larga de alta velocidade (200 Mbps ou mais) — um preço compatível com o nível de renda da Bielorrússia. Tarifas baixas são resultado da política estatal (o governo frequentemente pressiona a estatal Beltelecom a manter preços baixos) e da ausência de competição voltada ao lucro em algumas áreas. O benefício é que famílias de baixa renda, estudantes e pessoas em áreas remotas geralmente podem pagar ao menos algum tipo de acesso à internet. Além disso, várias instituições públicas como bibliotecas e escolas estão conectadas, oferecendo pontos de acesso comunitário.

O fosso urbano-rural diminuiu significativamente devido à expansão da infraestrutura. Como mencionado, cerca de 80% dos residentes rurais estão agora online freedomhouse.org, o que significa que a inclusão básica foi alcançada fora das cidades. Projetos para instalar Wi-Fi em bibliotecas de vilarejos, criar pontos públicos de acesso à internet em agências dos correios e instalar quiosques móveis de internet contribuíram para isso. A contínua expansão da fibra ótica aos vilarejos garante que a população rural não fique apenas com conectividade de segunda classe. Dito isso, ainda existe um gap de qualidade: usuários urbanos tendem a ter acesso à fibra mais rápida e múltiplas opções de provedores, enquanto usuários rurais podem ter apenas uma opção (muitas vezes uma linha DSL mais antiga ou um sinal móvel mais fraco). O programa estatal explícita a necessidade de aumentar a oferta de serviços “inclusive em pequenos povoados” para garantir competitividade e inclusão telecomtalk.info.

A divisão digital mais acentuada agora é por faixa etária e idioma. Jovens bielorrussos (menos de 50 anos) possuem taxas de uso da internet muito altas, alcançando praticamente universalidade na faixa abaixo de 40 anos. Idosos, principalmente em áreas rurais, têm adoção menor. Por exemplo, apenas 28% dos idosos rurais com mais de 65 anos estavam online em 2021 freedomhouse.org, contra 53% dos idosos urbanos – e esses números, embora estejam melhorando, ficam muito atrás dos mais jovens. Existem esforços contínuos de ONGs e, por vezes, de programas estatais para melhorar a literacia digital dos idosos (por exemplo, cursos de informática em centros comunitários), mas o progresso é gradual. Esse gap geracional faz com que serviços de governo eletrônico e informações críticas possam não chegar a alguns dos mais vulneráveis (aposentados) sem assistência.

Outro aspecto é idioma e conteúdo local. A internet bielorrussa (frequentemente chamada de “Bynet”) foi, historicamente, dominada por conteúdo em russo, sendo o material em bielorrusso mais escasso. Alguns defensores da inclusão digital destacam que falantes do idioma bielorrusso (em geral, ligados à oposição ou de regiões ocidentais) têm menos recursos online e o governo chegou a bloquear determinados sites em bielorrusso (considerando-os ligados à oposição) freedomhouse.org. Isso gera um fosso cultural digital. Entretanto, redes sociais e aplicativos de mensagens atenuaram esse quadro, pois os usuários podem criar conteúdo em ambos os idiomas livremente nessas plataformas (quando acessíveis via VPN).

Em termos de gênero, curiosamente a Bielorrússia possui uma taxa de uso da internet ligeiramente maior entre mulheres do que entre homens. Em 2022, cerca de 89,5% das mulheres entre 16 e 72 anos eram usuárias de internet, um pouco acima do índice dos homens e até da média europeia para mulheres freedomhouse.org. Isso sugere que, quaisquer que sejam as divisões, elas não prejudicam as mulheres no acesso básico; as mulheres na Bielorrússia são muito ativas online (estatísticas de uso de redes sociais confirmam isso, com mulheres correspondendo a mais de 56% dos usuários das redes) datareportal.com. As razões podem ser demográficas (as mulheres representam parcela maior da população e muitos trabalhadores de tecnologia emigrados eram homens) ou sociais (mulheres geralmente decidem questões domésticas sobre educação dos filhos e, assim, uso de internet para a escola). De todo modo, a paridade de gênero no acesso à internet é efetivamente alcançada.

A Bielorrússia também se orgulha do governo eletrônico e dos e-serviços, que pretendem incluir todos os cidadãos. Muitos serviços públicos (pagamento de contas, tributos, acesso a registros médicos, etc.) possuem portais online. O uso desses serviços é elevado nas cidades e entre os mais jovens, mas parte dos esforços de inclusão digital envolve ajudar os cidadãos rurais a utilizá-los. Por exemplo, alguns centros administrativos rurais possuem quiosques “tudo-em-um”, onde funcionários auxiliam os moradores no acesso a serviços digitais.

Divisão digital nos dispositivos: Um fator remanescente é a qualidade e o acesso aos dispositivos. Embora os telefones móveis sejam onipresentes (há bem mais de 100% de penetração, o que significa que praticamente todos têm um celular freedomhouse.org), nem todos são smartphones, especialmente entre grupos mais velhos ou mais pobres. No entanto, isso está mudando com a chegada de smartphones Android baratos ao mercado. Para uso doméstico, nem todos podem pagar por um computador moderno; muitos lares dependem apenas de smartphones para acessar a internet. Isso pode limitar a profundidade do uso da internet (por exemplo, fazer lição de casa ou administrar um negócio é mais difícil apenas pelo celular). Programas para colocar computadores nas escolas e oferecer tablets acessíveis fazem parte da estratégia de inclusão. Algumas operadoras de telecomunicação passaram a oferecer planos de parcelamento para dispositivos, facilitando para as famílias adquirirem PCs ou Smart TVs.

Inclusão Comunitária e de Pessoas com Deficiência: Pessoas com deficiência enfrentam desafios para acessar as TICs, pois muitos sites e serviços em Belarus não são totalmente otimizados para acessibilidade (por exemplo, leitores de tela). Já houve algumas iniciativas (geralmente por organizações da sociedade civil) para melhorar a acessibilidade web e oferecer treinamento especializado para pessoas com deficiência. A estatal Beltelecom ocasionalmente anuncia descontos ou planos especiais para certos grupos (como veteranos de guerra ou pessoas com deficiência) como medida social.

Em conclusão, Belarus já atingiu em grande parte uma inclusão digital básica em termos de acesso – a maioria da população, em diversas regiões e gêneros, pode acessar a internet a custo razoável. As divisões que restam dizem mais respeito ao uso efetivo: cidadãos mais velhos, rurais ou com menos escolaridade podem não estar tirando proveito total da internet, mesmo que a linha até suas casas esteja ativa. O desafio contínuo é inserir esses grupos na sociedade digital por meio da educação e de conteúdo local, mantendo a acessibilidade e infraestrutura conquistadas. Infelizmente, o clima de censura e repressão política também cria uma “divisão do conhecimento” – muitos ficam sem informação independente, limitando o potencial emancipador da internet. Portanto, a inclusão digital em Belarus tem uma dimensão política: a verdadeira inclusão significaria não só acesso à internet aprovada pelo Estado, mas à internet livre e aberta – um objetivo atualmente restrito pelo regime.

Desenvolvimentos Recentes e Perspectivas Futuras

O cenário da internet em Belarus está em constante evolução, sob as pressões do progresso tecnológico, dos eventos políticos e do isolamento internacional. Olhando para frente, várias tendências e desenvolvimentos chave provavelmente moldarão o estado da conectividade:

  • Continuação da Expansão da Fibra: Belarus provavelmente concluirá a implementação nacional de fibra óptica GPON nos próximos anos. Os planos da Beltelecom, dentro do programa de Desenvolvimento Digital 2021–2025, visam substituir as linhas DSL remanescentes e levar fibra para todos os assentamentos acima de determinado tamanho telecomtalk.info. Em meados de 2024, 95% dos assinantes da rede fixa da Beltelecom já estavam na rede multisserviço (NGN/fibra) telecomtalk.info. Podemos esperar quase universalidade de fibra óptica nas áreas urbanas e grande penetração nas áreas rurais. Isso pode fazer de Belarus um dos países com melhor infraestrutura da região, pelo menos equiparado aos estados bálticos em cobertura de fibra. Com isso, conexões capazes de gigabit estarão amplamente disponíveis, permitindo novos serviços (IPTV, telemedicina, etc.) no país.
  • 5G em segundo plano: Conforme mencionado, Belarus suspendeu a implantação em larga escala do 5G devido a sanções e questões de custo freedomhouse.org. No curto prazo, o foco estará em maximizar o 4G LTE, com mais espectro e estações base. O governo já indicou que não tem pressa para o 5G, e essa postura deve continuar, a não ser que avanços dos países vizinhos forcem uma mudança. Existe a possibilidade de Belarus eventualmente adotar o 5G somente em parceria com a China (Huawei ou ZTE) se a geopolítica permitir – por exemplo, uma implantação em menor escala para uso industrial ou governamental. Importante notar que qualquer 5G implantado deve enfatizar recursos de vigilância (como sugerido nos testes de câmeras de reconhecimento facial sobre 5G) freedomhouse.org, em linha com as prioridades do regime. Para os consumidores, smartphones 5G ainda funcionarão apenas em redes 4G em Belarus nos próximos anos.
  • Mudanças entre Operadoras Móveis: Pode haver mudanças na propriedade do setor de telecomunicações. Dada a conjuntura política, proprietários estrangeiros como a A1 (A1 Telekom da Áustria) e a Turkcell (life:)) podem enfrentar dificuldades ou até cogitar sair do país. Já houve rumores de investidores russos ou estatais adquirindo fatias maiores. Em 2022, a Turkcell aumentou sua participação na life:) para 100% freedomhouse.org, mostrando compromisso, mas o isolamento do mercado pode gerar consolidação. O governo também pode buscar mais influência – por exemplo, fortalecendo o braço móvel da Beltelecom para competir com as operadoras privadas. Consolidação ou renacionalização do setor não está descartada se o regime quiser ainda mais controle.
  • Perspectivas para Starlink/OneWeb: No status político atual, Belarus dificilmente permitirá oficialmente o Starlink ou qualquer internet via satélite independente. Contudo, se houver uma mudança democrática ou uma leve liberalização, o Starlink poderia rapidamente cobrir o país (já que os satélites passam por cima). O serviço Starlink de Elon Musk, por exemplo, tecnicamente pode transmitir internet para Belarus se houver terminais presentes; o único impedimento é regulatório. Numa hipótese de cenário oposicionista, trazer o Starlink poderia garantir acesso aberto à internet mesmo que as redes terrestres sejam controladas pelo Estado. Por ora, o Starlink segue como perspectiva distante, assim como o OneWeb. Vale lembrar que a Rússia (aliada de Belarus) está desenvolvendo sua própria constelação de internet via satélite (projeto Sphere) – Belarus pode escolher no futuro fazer parceria ou usar um sistema russo/chinês para fins estatais, em vez de sistemas ocidentais.
  • Crescimento da Censura e Isolamento: Infelizmente, desenvolvimentos recentes sugerem que Belarus irá alinhar-se ainda mais ao modelo russo de controle da internet. Em fevereiro de 2024, Belarus e Rússia anunciaram passos para “unificar” certos aspectos de seus espaços informacionais freedomhouse.org. Isso pode significar listas compartilhadas de bloqueio ou esforços conjuntos para censurar conteúdos. Belarus já imitou leis russas (adotando, por exemplo, linguagem contra “fake news” e atividade online “extremista”, semelhante à legislação russa) freedomhouse.org. A tendência é de mais supervisão estatal. Devemos ver tecnologia de inspeção profunda de pacotes (possivelmente importada da China ou Rússia) para censura automatizada em tempo real. Além disso, o bloqueio de VPNs e Tor pode aumentar; o governo sinalizou planos para usar nova filtragem de tráfego em 2024/25 para atingir ferramentas de contorno freedomhouse.org. Se for bem-sucedido, os bielorrussos podem ter ainda mais dificuldade de acessar sites bloqueados, criando de fato uma “intranet” própria, parecida com a da China ou do Irã (ainda que menos sofisticada).
  • Avanços na Vigilância: O regime continuará investindo em tecnologias de vigilância. Isso inclui expansão das redes de CFTV com reconhecimento facial (algumas conectadas via banda larga a bancos de dados centrais), monitoramento de aplicativos de mensagens via malware ou exigência de fornecimento de dados, e uso de IA para rastrear oposição em redes sociais. Parcerias com países como a China podem trazer sistemas de cidades inteligentes integrando dados da internet à vigilância. Embora isso não altere diretamente o acesso, afeta o quão livremente cidadãos podem usar a rede.
  • Economia Digital e Êxodo de Cérebros: Belarus já teve um setor de TI vibrante (o “Hi-Tech Park”, em Minsk, abrigava muitas empresas e startups). A turbulência política desde 2020 provocou um êxodo de cérebros – dezenas de milhares de profissionais de TI e jovens se mudaram para Polônia, Lituânia, etc. Isso repercute sobre o cenário da internet: menos criação de conteúdo local, adoção mais lenta de novos serviços digitais e possível estagnação na inovação tecnológica. O governo, entretanto, ainda incentiva projetos digitais estatais – como a promoção de uma plataforma estatal de criptomoedas (com êxito modesto) e automação de serviços públicos. Se o cenário político se estabilizar como está, veremos um duplo cenário: projetos digitais liderados pelo Estado (frequentemente com objetivo de segurança) prosseguindo, enquanto a inovação privada ficará estagnada devido a sanções e fuga de talentos.
  • Mudanças na Conectividade Regional: Com a guerra na Ucrânia e relações estremecidas com o Ocidente, Belarus pode redirecionar mais do tráfego de internet via Rússia em vez da UE. Atualmente, Belarus tem conexões com a Polônia e Bálticos para trocas internacionais. Existe a possibilidade de essas rotas serem reduzidas ou mais monitoradas, enquanto cresce a dependência do trânsito russo (por exemplo, via Rostelecom). Isso tornaria a internet bielorrussa mais dependente da infraestrutura russa e sujeita a suas políticas (se a Rússia isolar seu Runet, Belarus pode ser arrastada junto). Por outro lado, manter rotas diversas também interessa a Belarus para resiliência, então dificilmente cortarão completamente os links com a UE, a menos que sejam forçados.
  • Adaptação dos Usuários: A população bielorrussa mostrou resiliência para se adaptar às restrições – usando proxies, sites espelho e canais no Telegram para compartilhar informações. No futuro, mais pessoas podem optar por tecnologias descentralizadas (por exemplo, redes mesh, se disponíveis, ou compartilhamento peer-to-peer para notícias) para driblar o controle centralizado. Jovens mais familiarizados com tecnologia podem compartilhar conhecimentos sobre uso de TV ou rádio via satélite para notícias, ou criativamente usar tunelamento DNS/distribuição de informações via SMS se a internet for bloqueada. Basicamente, o jogo de gato e rato entre censura e contorno será decisivo no futuro da internet em Belarus.

Em conclusão, o futuro imediato da internet em Belarus deve trazer divergência ainda maior entre sua impressionante capacidade técnica e um ambiente informacional restritivo. Por um lado, quase todos os bielorrussos poderão em breve ter fibra óptica ou 4G à disposição – rápido, barato e ubíquo. Por outro, o que poderão fazer com essa conexão pode ser cada vez mais limitado por filtros e vigilância estatal. Por isso, o termo “Real State of Internet” (“Estado Real da Internet”) em Belarus tem duplo sentido: a verdadeira infraestrutura é forte, mas a real liberdade é restrita. Desenvolvimentos internacionais (como mudanças no governo ou intervenções globais em tecnologia) podem alterar radicalmente esse cenário. No momento, a internet bielorrussa serve de alerta sobre como é possível conquistar quase universalidade de acesso e ainda assim restringir a abertura e liberdade que a internet deveria proporcionar.

Fontes: freedomhouse.org hajun.info zerohedge.com

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