Drones de Fibra Óptica na Ucrânia: Evolução, Aplicações e Impacto

Introdução e Contexto
Drones guiados por fibra ótica – VANTs que comunicam por meio de um cabo físico de fibra ótica em vez de rádio – surgiram como uma tecnologia revolucionária na guerra entre Ucrânia e Rússia. Embora o conceito de munições guiadas por fio não seja novo (mísseis anti-tanque guiados por fio como o TOW dos EUA e o Spike de Israel estão em serviço há décadas), a aplicação de cabos de fibra ótica em drones é uma inovação recente acelerada pela necessidade do campo de batalha. Antes da guerra, tais “drones controlados por fio” pareciam impraticáveis ou desnecessários, mas o uso intenso de interferência eletrônica pela Rússia mudou rapidamente essa percepção. Protótipos iniciais de drones com ligação por fibra surgiram em 2023 nos dois lados, russo e ucraniano, e até 2024 a tecnologia foi implantada operacionalmente. Este relatório detalha o desenvolvimento dos drones de fibra ótica, suas aplicações militares e civis na Ucrânia, especificações técnicas, usos táticos, vantagens de comunicação, resistência à guerra eletrônica, principais fabricantes e comparações com outros tipos de drones.
Aplicações Militares dos Drones de Fibra Ótica na Ucrânia
Emprego Russo: A Rússia foi a primeira a empregar drones FPV (first-person-view) de fibra ótica em larga escala nesta guerra. O primeiro modelo conhecido foi o drone “Knyaz Vandal Novgorodsky”, desenvolvido por um grupo voluntário russo de tecnologia (Ushkuinik) liderado por Aleksey Chadaev kyivindependent.com. Ele foi empregado em torno de agosto de 2024 na região russa de Kursk para conter uma incursão ucraniana, e provou-se extremamente eficaz ao atacar tropas e comboios de suprimentos ucranianos. As forças russas utilizaram esses drones “kamikaze” FPV com cabo para monitorar e atacar rotas logísticas ucranianas, tornando quase impossível o reabastecimento na saliência de Kursk. Um médico ucraniano descreveu que a “logística simplesmente colapsou; os drones de fibra ótica estavam monitorando todas as rotas, sem deixar nenhuma forma de entregar munição ou provisões”. No final de 2024 e início de 2025, a Rússia já contava com unidades de elite de drones (por ex., unidades codinome “Rubicon” e “Sudny Den”) experientes com FPVs de fibra, que foram transferidas para o leste da Ucrânia (oblast de Donetsk) para reforçar operações ofensivas em pontos críticos como Pokrovsk e Toretsk. Segundo relatos, os drones de fibra russos desempenharam papel crucial ao forçar as forças ucranianas a deixarem a saliência fronteiriça de Kursk, pois o deslocamento tornou-se perigoso demais.
Os drones russos de fibra ótica são tipicamente quadricópteros FPV transportando uma carga explosiva (frequentemente ogivas de RPG reaproveitadas ou pequenas bombas) e rebocando um longo carretel de cabo de fibra ótica. Uma unidade russa recuperada trazia um carretel com ~10,8 km (≈7 milhas) de fibra. Os modelos russos demonstraram alcance de até 20–30 km e alta confiabilidade: a inteligência ucraniana indicou que os drones russos de fibra tinham cerca de 80% de taxa de sucesso a 20 km (as falhas eram em sua maioria por erro do piloto). Isto supera os primeiros drones ucranianos de fibra, que inicialmente tinham taxa de sucesso de apenas 10–30% a 15 km. Um dos motivos é técnico: os desenvolvedores russos optaram por tecnologia de comunicação mais avançada – usando cabos de fibra com comprimento de onda 1490–1550 nm (menor atenuação de sinal) e câmeras IP digitais com software próprio baseado em OpenIPC, além de transmissores mais potentes uasvision.com uasvision.com. Isso deu aos drones russos de fibra sinal de controle mais claro a longas distâncias. Por outro lado, os primeiros modelos ucranianos costumavam reaproveitar sistema chinês analógico-digital usando 1310 nm para controle (com três vezes mais perda de sinal por km) e câmeras FPV analógicas uasvision.com uasvision.com. A abordagem russa, embora mais cara, resultou em melhor alcance e qualidade de vídeo.
Adoção Ucraniana: Assim que a vantagem russa ficou evidente, a Ucrânia correu para recuperar o atraso no desenvolvimento de drones de fibra ótica. Inovadores ucranianos, que lideraram em outras áreas de tecnologia de drones, desta vez se viram atrás. Em meados de 2024, os militares ucranianos e incubadoras tecnológicas do governo lançaram um alerta urgente aos fabricantes nacionais de drones de que os FPVs de fibra ótica eram “extremamente necessários” e o Estado estava pronto para adquiri-los em quantidade. Um momento decisivo foi uma incursão das forças especiais ucranianas em Kursk no verão de 2024, que encontrou drones russos de fibra; fontes russas observaram que as unidades de guerra eletrônica ucranianas conseguiam bloquear todos os drones russos exceto os de fibra ótica. Esta constatação fez o Ministério da Defesa da Ucrânia acelerar os programas de drones de fibra.
Em dezembro de 2024, o Departamento de Inovações em Defesa da Ucrânia realizou uma demonstração pública de drones FPV controlados por cabo de fibra ótica para oficiais de alto escalão. Mais de uma dúzia de modelos nacionais foram apresentados, alguns capazes de transportar até 3 kg de carga útil, e voos de teste ao vivo foram realizados para observadores militares. No início de 2025, dezenas de equipes ucranianas de engenharia estavam desenvolvendo drones ou componentes de fibra ótica, apoiadas pelo cluster tecnológico Brave1 do governo. Fábricas na Ucrânia aumentaram a capacidade, alegando que milhares de drones de fibra por mês poderiam ser produzidos com componentes suficientes. O Ministro da Transformação Digital da Ucrânia, Mykhailo Fedorov, afirmou em meados de 2025 que 15 empresas agora fabricam drones de fibra ótica no país.
Unidades ucranianas de linha de frente começaram a usar drones de fibra no fim de 2024, inicialmente em quantidade reduzida. Um comandante da 12ª Brigada de Propósito Especial da Guarda Nacional (Azov) relatou que apenas <5% de seus drones usam cabo de fibra devido ao fornecimento limitado. Mesmo esses poucos tiveram impacto desproporcional. Um piloto de drone da Legião Internacional (“George”) descreveu uma missão no outono de 2024 em que seu drone de fibra, carregando uma ogiva de 1,6 kg, superou forte bloqueio russo e voou até um porão onde estavam soldados russos escondidos, matando-os — feito impossível com drone por rádio naquela área. Assistindo ao ataque bem-sucedido através da transmissão de vídeo perfeita, sua equipe percebeu as “enormes implicações” — “Da primeira vez que usei a fibra ótica, nunca mais quis voltar ao [rádio] normal”, afirmou. Os drones de fibra têm sido especialmente úteis em frentes com guerra eletrônica intensa como Bakhmut e Donbas. No início de 2025, unidades de drone ucranianas (por ex. Companhia de Ataque Achilles da 92ª Brigada e o batalhão de drones Azov) passaram a empregar regularmente FPVs de fibra ótica em ataques prioritários, mesmo enquanto buscam ampliar o fornecimento.
Impacto Tático: No campo de batalha, os drones FPV de fibra estão sendo usados principalmente como munições de ataque unidirecional (drones kamikaze de espera) e para missões de reconhecimento-ataque em curta distância. Eles normalmente voam baixo e podem ser guiados com precisão até alvos como veículos blindados, abrigos, ou até mesmo janelas e portas de edifícios. Operadores ucranianos destacam que esses drones permitem ataques em cenários que antes estavam fora do alcance dos FPVs: “São ótimos para entrar em um prédio como um hangar, olhar dentro e atacar imediatamente… [ou] voar em áreas florestadas”, segundo um líder de equipe FPV da unidade Achilles, da Ucrânia. Como os drones de fibra mantêm o controle mesmo em ambientes urbanos ou florestados densos (onde drones por rádio perderiam o sinal), áreas antes seguras contra drones – florestas, esconderijos internos – deixaram de ser seguras. Em um exemplo, soldados ucranianos relataram que costumavam se deslocar relativamente seguros por estradas arborizadas (já que a folhagem bloqueava o sinal dos drones inimigos), mas agora FPVs de fibra russa conseguem se deslocar pelas matas à vontade.
Talvez o maior impacto tenha sido nas operações de contra-guerra eletrônica (EW). Durante 2024, ambos os lados investiram pesado em sistemas caros de bloqueio para proteger tanques e posições contra enxames de FPVs controlados por rádio. Os drones de fibra ótica tornaram esses bloqueadores inúteis. Equipes de EW ucranianas e russas por vezes também interferiam nos drones do próprio lado (diversas equipes no mesmo setor bloqueando involuntariamente umas às outras), um problema eliminado com o uso de controle por fibra. Em 2025, os drones de fibra passaram a ser considerados “as armas que moldam operações inteiras” em algumas frentes. Imagens da primavera de 2025 mostram estradas ucranianas cobertas por túneis de redes e campos repletos de fios de fibra descartados brilhando – novos símbolos da paisagem do campo de batalha. Ambos os lados reconhecem que estes drones impossíveis de bloquear tornaram-se uma capacidade crítica, comparável à importância da artilharia por permitir atacar alvos à vontade.
Usos Civis e Não-combatentes dos Drones de Fibra Ótica
Além das funções de combate direto, os drones de fibra ótica encontraram nichos de aplicação não-combatente na Ucrânia, principalmente na logística e potencialmente em setores civis que exigem conectividade confiável. Um exemplo marcante é o uso de veículos terrestres não-tripulados (UGVs) controlados por fibra ótica para entregar suprimentos às tropas da linha de frente. Em 2025, unidades ucranianas introduziram pequenos robôs com esteiras (descritos como “mini-tanques desarmados”) capazes de transportar 100–150 kg de munição, alimento e combustível até posições avançadas, guiados por cabo de fibra ótica. Esses drones terrestres, guiados à distância por um cabo, assumiram muitas missões perigosas de abastecimento que exporiam motoristas humanos a ataques de drones FPV inimigos. “Usamos drones para evitar os drones,” brincou um soldado — ou seja, eles usam seus UGVs de fibra ótica para escapar dos FPVs aéreos russos que caçam caminhões de suprimento. O cabo de fibra torna os UGVs imunes a bloqueios ou interceptações, garantindo que possam ser guiados mesmo nas linhas de frente saturadas por guerra eletrônica. Se um drone terrestre é destruído por fogo inimigo (ou até atacado por cães de rua, como já aconteceu), nenhuma vida é perdida. Essa inovação é vista como salvadora de vidas para manter tropas sob intensa ameaça de drones.
O uso de cabos de fibra óptica também é inerentemente útil em cenários civis onde a comunicação por rádio é inviável. Mesmo antes da guerra, robôs e drones com cabo já eram utilizados para inspecionar túneis, minas e tubulações – ambientes nos quais o controle remoto via cabo é mais confiável do que o rádio. A guerra acelerou o desenvolvimento desses sistemas. Por exemplo, empresas ucranianas agora estão adaptando pesados drones “bombardeiros” hexacópteros para controle por fibra óptica em missões especializadas (esses podem carregar cargas maiores). Um protótipo da Dronarium Air utiliza controle via fibra óptica e pode alternar automaticamente para orientação por GPS ou retorno à base caso o cabo se rompa. Esse tipo de recurso de segurança pode ser valioso em usos civis para drones (por exemplo, em áreas de desastre ou inspeções industriais), garantindo que uma missão não seja perdida por causa do enrosco do cabo.A proliferação de cabos de fibra óptica no campo de batalha até mesmo gerou um uso “civil” não intencional pela vida selvagem. Em um relato surreal, pássaros no Donbas foram vistos trançando fios de fibra óptica de cabos de drones abandonados em seus ninhos. Um ninho formado quase inteiramente de cabos de fibra óptica foi encontrado perto de Toretsk pela Brigada Azov, destacando o quão onipresente se tornou esse material no ambiente.Olhando para o futuro, a expertise que a Ucrânia está adquirindo em tecnologia de drones com fibra óptica pode ser utilizada em indústrias civis no pós-guerra. Drones à prova de interferência com controle por fibra podem ser úteis na manutenção de infraestruturas em zonas de alta interferência, ou para forças policiais e de fronteira em situações de bloqueio intencional de comunicações. No entanto, até o momento, o principal benefício civil tem sido indireto – melhorar a logística no campo de batalha (o que tem impacto humanitário ao levar comida e água com mais segurança aos soldados) e preservar vidas humanas.Especificações Técnicas e Capacidades dos Drones por Fibra Óptica
Drones FPV com fibra óptica na Ucrânia são tipicamente quadricópteros ou hexacópteros de estilo comercial modificados com um carretel de fibra óptica acoplado. As estruturas dos drones costumam ser de fibra de carbono ou polímero, com eletrônicos padrão de corrida de drones e câmera de primeira pessoa. As especificações principais incluem:- Ligação de Comunicação: Um fio fino de fibra óptica (geralmente fibra monomodo) desenrola de um carretel à medida que o drone voa. O carretel geralmente é transportado no drone, entre a estrutura e a carga. Os comprimentos típicos de fibra são de 5 km, 10 km, 15 km, até 20 km. Ucranianos já utilizaram drones de forma eficaz até cerca de 15 km, e conhecem usos bem-sucedidos até 20 km, enquanto relatos russos mencionam carretéis de até 30 km. A fibra é extremamente leve (um carretel de 10 km pode pesar cerca de 0,9–1,2 kg) e muito fina (0,2–0,3 mm de diâmetro), mas mais resistente do que parece – a fibra padrão militar pode atingir resistência à tração superior a 100.000 psi. Mesmo assim, ela pode romper se for muito tensionada ou dobrada demais.
- Velocidade e Manobrabilidade: Drones FPV por fibra são um pouco maiores e mais pesados que FPVs comuns por conta do carretel e de uma bateria maior. Um modelo típico pode voar a cerca de 60 km/h e executar manobras normais. Porém, a massa extra os torna mais lentos e menos ágeis que drones equivalentes por rádio. Pilotos observam que esses drones precisam ser construídos em estruturas maiores e motores mais potentes para levantar o carretel, o que reduz aceleração e os torna alvos mais fáceis para armas leves. FPVs de corrida de ponta (controlados por rádio) podem chegar a >150 km/h – já os drones por fibra normalmente não atingem essas velocidades.
- Alcance: O alcance operacional é, essencialmente, o comprimento do cabo de fibra. Carretéis produzidos na Ucrânia são, normalmente, de 10 km; carretéis mais longos (15–20 km) existem, mas têm taxas de falha maiores se a tecnologia não for de alta qualidade. Na prática, drones de fibra de 10 km estão atingindo cerca de 50% de sucesso no alvo, enquanto as primeiras tentativas com 15 km tiveram <30% de sucesso até a adoção de melhores componentes. Os drones russos de fibra de longo alcance (20 km) têm sido muito eficazes (≈80% de sucesso). Notavelmente, ao contrário dos drones via rádio, drones de fibra não precisam de linha de visão – podem contornar colinas ou entrar em estruturas, desde que o fio permaneça intacto. O contrapeso é que um drone controlado por rádio com retransmissores em rede mesh ou link satelital pode potencialmente ir muito mais longe (centenas de km), enquanto um drone por fibra é limitado fisicamente pelo comprimento do cabo.
- Carga: Os primeiros FPVs de fibra carregam ogivas semelhantes aos drones kamikaze convencionais – geralmente pequenas granadas anti-carro ou ogivas de RPG (~0,5–1,5 kg de explosivo). O próprio drone (estrutura + bateria + carretel) pode pesar de 5–7 kg, então o peso total de decolagem é maior que um FPV padrão. Alguns drones maiores podem transportar mais carga — a empresa ucraniana BattleBorn relata que seus drones podem levar de ~1,5 kg até 8 kg de explosivos dependendo do modelo. Por exemplo, um grande hexacóptero bombardeiro com cabo de fibra pode soltar bombas mais pesadas ou várias granadas. No entanto, cargas mais pesadas reduzem o tempo de voo e deixam o drone ainda menos manobrável, por isso o foco principal em combate é em ataques pequenos e precisos. Drones terrestres por fibra, em contraste, podem transportar mais de 100 kg, pois trafegam em trilhos — mas são UGVs (veículos terrestres não tripulados) lentos.
- Tempo de Voo: O link por fibra óptica não altera significativamente o tempo de voo; isso depende da bateria e do peso. Um drone kamikaze FPV típico pode ter autonomia de voo de ~10–15 minutos. Drones por fibra mais pesados provavelmente têm tempos de voo um pouco menores se usarem as mesmas baterias, devido ao peso e ao arrasto. Suas missões são geralmente curtas (voar 5–10 km, mergulhar no alvo). Drones de observação com cabo (onde o drone é alimentado via cabo desde o solo) podem pairar por muito mais tempo, mas são, na maioria, sistemas estacionários “aerotether”, pouco usados nessa guerra devido a problemas de mobilidade.
- Transmissão de Vídeo/Dados: A ligação por fibra fornece transmissão de vídeo de alta largura de banda e resolução, com latência mínima. Operadores relatam um “sinal de vídeo perfeito até o alvo”, diferente dos links FPV analógicos por rádio, que frequentemente ficam com imagem ruim ou caem na aproximação final. A fibra pode transmitir vídeo HD digital praticamente sem atraso, dando ao piloto uma visão clara para guiar o drone com precisão. Esse é um grande benefício — um dos motivos para os russos terem migrado para a fibra foi a falta de confiabilidade da autoguiagem por IA (visão computacional). Assim, prefere-se o piloto humano com sinal de vídeo límpido kyivindependent.com.
- Sistemas de Controle: Ambos os lados improvisaram sistemas de controle para drones por fibra. Muitos usam controladores de voo COTS (comercialmente disponíveis) com firmware customizado para aceitar comandos via interface cabeada. O sinal de controle costuma ser Ethernet ou serial sobre fibra. Como observado, os russos integraram redes IP no drone (conversores de mídia e software OpenIPC com câmeras IP) uasvision.com, transformando o drone em um nó de uma rede de fibra para controle e vídeo. Ucranianos inicialmente usaram sinal de vídeo FPV analógico simples transmitido pela fibra (por isso os conversores chinêses analógico-digital) uasvision.com. No futuro, espera-se surgirem unidades padronizadas de controle para drones de fibra óptica, talvez usando conectores reforçados e carretéis plug-and-play.
- Custo: No início da guerra, os componentes de drones de fibra óptica eram muito caros. Em 2023, um carretel com kit transmissor óptico da China podia custar até US$ 2.500, tornando um drone de fibra uma arma cara e de uso único. No final de 2024, com o aumento da produção chinesa (por conta dos grandes pedidos russos), os preços caíram drasticamente. Em 2025, um carretel de 10 km + módulo de comunicação custa cerca de US$ 500 (em queda). Um drone FPV completo por fibra custa agora algo em torno de US$ 1.000–1.500, apenas algumas centenas de dólares a mais que um FPV de alto padrão convencional. Um comandante ucraniano citou cerca de US$ 1.200 por drone de 10 km de alcance. A produção doméstica pode baratear ainda mais; fabricantes ucranianos projetam que, com enrolamento local do carretel e montagem, os drones de fibra sairão com apenas US$ 70–140 a mais que os de rádio (cerca de US$ 500–800 no total). UGVs de fibra terrestres são mais caros – por exemplo, 5 UGVs Ratel com controle por fibra (carga total de 35 kg) custam ₴1,2 milhão (US$ 32.000).
Resumo das Especificações Típicas de um Drone por Fibra Óptica: Um exemplo representativo de drone FPV por fibra de porte médio seria: um quadricóptero com hélices de ~12–13″, peso total ~10 kg incluindo uma ogiva de 1 kg e 1 kg de cabo de fibra, velocidade máxima de ~60 km/h, alcance efetivo de 5–10 km (com cabo de 10 km) dependendo do terreno, e custo ao redor de US$ 1.000. Fornece vídeo 1080p para o operador e é praticamente imune a interferência de rádio. Modelos avançados têm alcance de 15–20 km ou cargas de até ~5–8 kg, com tamanho e preço maiores.
Vantagens Táticas da Comunicação por Fibra Óptica
O controle por fibra óptica proporciona enormes vantagens táticas no ambiente de guerra eletrônica da Ucrânia:- Imune à Interferência de Rádio: O principal benefício é a imunidade à interferência de RF. Diferente dos drones regulares, que dependem de links de rádio facilmente perturbados por ruído ou bloqueadores direcionados, um drone de fibra óptica mantém um conector físico ao operador. Não existe sistema de guerra eletrônica conhecido capaz de bloquear um sinal dentro de um cabo de fibra óptica. Forças ucranianas e russas utilizam ampla variedade de unidades de EW (bloqueadores veiculares, armas anti-drone, etc.) eficazes contra drones padrão. Drones de fibra driblam todos eles – “meios de guerra eletrônica…simplesmente são ineficazes” contra fibra, segundo um comandante de drones ucraniano. Em testes, especialistas ucranianos em guerra eletrônica conseguiram derrubar todos os drones inimigos, exceto os ligados por fibra. Isso permite aos drones de fibra penetrar os densos “escudos eletrônicos” montados por ambos os lados em posições estratégicas. Por exemplo, na batalha de Hlyboke, um drone de fibra passou por forte interferência e atingiu o alvo, onde qualquer drone por rádio teria fracassado.
- Indetectável por Sensores de RF: Como não emitem energia de radiofrequência, os drones de fibra óptica são mais furtivos em termos de assinatura eletrônica. Nem o drone nem seu operador irradiam sinal, de modo que dispositivos como escâneres de RF, localizadores de direção ou sistemas de monitoramento anti-drone por RF não conseguem localizá-los. Isso é crucial: muitos sistemas de detecção de drones usados na Ucrânia (inclusive por unidades da OTAN apoiando o país) dependem de identificar o sinal de controle ou transmissão de vídeo do drone. Drones por fibra são virtualmente “drones escuros” e silenciosos para radiofrequência. Como ressalta o The War Zone, “outra grande vantagem de um drone FPV com fio é que ele não irradiaria nenhuma energia…que pudesse ser detectada. Essas emissões eletrônicas…podem ser letais para o operador se [o inimigo] triangular sua posição. Não existe essa vulnerabilidade com um drone FPV com fio.”. Na prática, um piloto de FPV por fibra pode operar sem medo de ser geolocalizado por vigilância eletrônica inimiga – algo que salva vidas, já que os russos usam radioescuta para direcionar artilharia aos operadores de drones. Drones de fibra eliminam esse risco.
- Alta Largura de Banda e Conexão Confiável: O link por fibra fornece uma conexão de dados de alta taxa e baixa latência, suportando vídeo nítido e controle responsivo até o final da missão. Operadores recebem sinal POV em tempo real, sem quedas nem nos segundos finais de mergulho terminal (quando FPV analógico geralmente fica sem imagem). Um especialista observou que o cabo transmite imagens de alta qualidade até o “exato momento da detonação.” Esse sinal confiável aumenta indicadores de acerto, já que o piloto pode manobrar manualmente contra alvos pequenos ou móveis com precisão. Também permite uso em reconhecimento – o piloto pode inspecionar em detalhes uma área (inclusive dentro de estruturas) e abortar ou alterar a missão quando necessário, algo mais arriscado em drones autônomos. Em síntese, a fibra fornece o “sinal de vídeo perfeito” e link de controle enquanto o cabo estiver intacto.
- Não Limitado pela Linha de Visão de Rádio: Drones de fibra podem acessar lugares onde drones por rádio não chegam. FPVs normalmente falham se o operador estiver atrás de um morro ou se o drone entrar em um prédio ou fundo de mata densa, pois o rádio não passa. Terreno, estruturas e até a curvatura da Terra limitam linha de visão por rádio. A fibra óptica elimina a necessidade de linha de visão – o drone pode literalmente contornar esquinas, entrar em porões, sob vegetação espessa, etc., desde que o fio acompanhe (ou ao menos não rompa). Soldados ucranianos notaram que, antes, podiam se proteger dos FPVs em áreas florestais (“a mata bloqueia sinais de rádio”), mas os drones de fibra mudaram isso: “era muito difícil para [um drone de rádio] descer até o centro da floresta…porque o sinal sumia,” mas um drone de fibra não tem esse problema. Isso abriu alvos que antes estavam naturalmente protegidos contra drones. Ambos os lados exploraram essa capacidade: drones russos por fibra no Kursk monitoraram estradas florestais que antes eram rotas seguras de suprimento, e forças especiais ucranianas usaram drones de fibra para vasculhar guaritas ou interiores inimigos antes de atacar.
- Contrapondo-se a Efeitos do Terreno: Além de jamming deliberado, a fibra resolve o problema de perda de sinal em longas distâncias ou perto do solo. FPVs voando baixo (para evitar detecção) frequentemente perdem contato via rádio porque as antenas estão muito próximas do chão, especialmente na aproximação final. Segundo o The War Zone, “manter conexão por rádio…quando [um drone] está muito próximo do solo” é difícil; oscilações do terreno ou construções podem interromper o link. O controle por fibra faz com que os drones possam voar rente ao solo ou manobrar livremente, sem preocupação com linha de visão de rádio. Isso é útil especialmente para FPVs anti-blindados que rasanteiam campos para evitar detecção – tática agora viável sem risco de perda de controle.
- Vantagens de Produção e Suprimento: Curiosamente, usar fibra pode aliviar problemas de abastecimento. Um drone por fibra óptica dispensa transmissor e receptor de rádio embarcados, que por vezes ficaram escassos (devido a restrições à exportação de eletrônicos de uso duplo). Ao eliminar o módulo de rádio, construtores simplificam a lista de peças. Desenvolvedores ucranianos notaram que, quando certos chips de RF ficaram raros, migrar para fibra permitiu continuar a produção usando só componentes ópticos. Além disso, a eficácia dos drones de fibra num ambiente saturado por jamming faz com que seja preciso menos drones para atingir o mesmo efeito (já que cada um tem mais chance de acertar), o que pode compensar seu custo unitário maior com eficiência superior.
Em resumo, drones de fibra óptica fornecem uma capacidade de ataque resistente a contramedidas que pode atravessar defesas de guerra eletrônica e atingir qualquer refúgio. Como afirmou uma postagem da mídia ucraniana: “Encontraremos um drone FPV resistente a contramedidas para quebrar qualquer sistema russo de guerra eletrônica. Este é exatamente o tipo de arma [que temos].”. Até agora, essa afirmação tem se provado correta – nenhum dos lados apresentou um meio eficaz de contrariar eletronicamente drones guiados por fibra.
Limitações e Desafios dos Drones de Fibra Óptica
Apesar de suas vantagens, os drones de fibra óptica apresentam desvantagens e limitações notáveis. Eles ocupam um nicho especializado e não substituem totalmente os drones de rádio. Os principais desafios incluem:
- Vulnerabilidade Física do Cabo: O próprio cabo de fibra óptica é um potencial ponto fraco. Ele pode prender-se ou romper com obstáculos no ambiente. Campos de batalha urbanos com destroços, árvores e linhas de energia apresentam um labirinto onde o cabo pode se enroscar. Se a fibra for puxada ou cortada, o drone perde imediatamente a comunicação. Já houve casos de rompimento acidental e até ação inimiga para cortar os cabos. Em um incidente, um quadricóptero russo deliberadamente voou através do cabo de fibra de um drone ucraniano, cortando-o com suas hélices e causando a queda do drone. Os operadores devem voar sempre atentos a essa vulnerabilidade – evitando curvas acentuadas em torno de obstáculos e mantendo certa altitude para não passar o fio sobre objetos. Para mitigar, as táticas incluem voar mais alto e depois mergulhar quase verticalmente no alvo (mantendo o fio suspenso e livre do solo). Ainda assim, o cabo é uma preocupação constante e um risco.
- Manobrabilidade e Velocidade Limitadas: A natureza “atrelada” impõe restrições de desempenho. O cabo cria arrasto e pode dificultar manobras extremas. Mais importante, o projeto do drone precisa acomodar o peso e o volume do carretel, tornando-o mais volumoso. Como já observado, drones de fibra usam estruturas e baterias maiores, o que os torna alvos mais lentos e menos ágeis. Um comandante disse que um drone de fibra é mais fácil de ser abatido por armas leves do que um FPV padrão, simplesmente por ser maior e não conseguir fazer manobras evasivas rapidamente. Sacrifica-se parte da alta manobrabilidade dos FPVs (capazes de ziguezagues e mergulhos com alta força G). Além disso, o cabo desenrolado pode introduzir um leve atraso no controle se houver folga, embora a latência da fibra seja mínima – é mais uma questão da inércia do drone. Os pilotos precisam adaptar seu estilo de voo e, devido a essas peculiaridades, pilotos inexperientes já perderam drones de fibra por não considerarem o manuseio do cabo.
- Restrições de Alcance: Drones de fibra são restritos a operações de curto alcance em comparação a alguns modelos controlados por rádio ou guiados por satélite. O alcance máximo depende do comprimento do cabo (geralmente 5–15 km). Embora isso cubra a maioria dos cenários táticos na linha de frente, significa que drones de fibra não podem realizar ataques em profundidade atrás das linhas inimigas a menos que sejam lançados bem próximos à linha de frente. Por contraste, um drone de rádio com rede mesh ou link satelital pode atingir alvos a dezenas ou centenas de quilômetros. Por exemplo, a Ucrânia já utilizou UAVs de longo alcance (provavelmente guiados por satélite ou GPS) para atacar bases aéreas dentro da Rússia – algo que um drone de fibra não poderia fazer fisicamente. Assim, FPVs de fibra “ocuparão apenas um nicho específico e não serão produzidos aos milhões”, como concluem especialistas ucranianos. São extremamente úteis para domínio em áreas locais (até ~10 km) mas não para missões estratégicas ou de longa duração. As unidades ainda precisam confiar nos drones convencionais para reconhecimento ou ataques de longo alcance além da linha de frente.
- Complexidade Logística: A necessidade dos carretéis adiciona complexidade à logística e ao desdobramento. Os soldados precisam carregar os carretéis relativamente delicados e manuseá-los com cuidado. Em campo, cabos descartados ficam espalhados pelo chão, a ponto de brilharem ao sol e revelarem pontos de lançamento se não forem recolhidos. Operadores ucranianos notaram que as fibras acumuladas e refletivas próximas à posição de lançamento podem denunciar ao inimigo onde os drones são lançados. Como resultado, as equipes precisam “mudar de posição com mais frequência” para evitar serem alvejadas depois que os cabos gastos as entregam. Lidar com os rolos de fibra restantes também é um contratempo – recolher ou esconder quilômetros de fibra após cada missão não é tarefa fácil.
- Desafios de Fabricação: Inicialmente, muitos fabricantes ucranianos apenas importavam kits de cabos de fibra óptica da China e não tinham know-how para otimizá-los. Isso causou problemas de confiabilidade – por exemplo, integração imprópria fazia com que drones ainda emitissem sinais de rádio ou rasgassem a fibra por falhas nos carretéis. Com o tempo, os melhores fabricantes incorporaram os feedbacks e melhoraram seus sistemas, elevando as taxas de sucesso para ~50% por ataque e subindo. Ainda assim, fabricar módulos de comunicação por fibra óptica e enrolar carretéis de alta qualidade não é trivial. A fibra deve ser enrolada para desenrolar suavemente, sem embaraçar ou romper. Segundo fontes do setor, “a tecnologia para enrolar fibra óptica e montar placas de comunicação não é das mais simples” – exige máquinas de precisão e engenheiros experientes, embora alcançável com esforço. Empresas como a Smart Electronics Group, na Ucrânia, já propuseram os drones de fibra, mas foram rejeitadas devido ao alto custo e complexidade à época. Agora, com apoio estatal, os fabricantes estão melhorando rapidamente, mas a produção ainda está abaixo da demanda. O comandante ucraniano “Yas” notou, em maio de 2025, que bons fabricantes de drones de fibra têm longas listas de espera, e sua unidade muitas vezes espera 2–3 meses por entregas ou recusa alternativas de baixa qualidade. Essa limitação mantém os drones de fibra como produto limitado do lado ucraniano por enquanto.
- Custo Elevado (vs. FPVs simples): Embora os preços estejam caindo, drones de fibra ainda são mais caros que drones improvisados de rádio. Em meados de 2023, ninguém queria pagar $2.500 por um drone descartável. Em 2025, um drone de fibra pode custar cerca de $1.000, contra algumas centenas de dólares para um FPV básico. Isso significa que unidades voluntárias precisam avaliar onde o uso do drone de fibra vale o investimento. Geralmente, reservam esses drones para alvos de alto valor ou áreas onde drones de rádio simplesmente não operam devido a bloqueios. O fator custo está diminuindo ao longo do tempo (com projeções de equiparação de custos com a produção local em larga escala), mas ainda é uma limitação inerente à ampliação do uso.
- Compromisso na Carga: A capacidade de carga útil é reduzida porque parte da força de sustentação é usada para o cabo. Um drone de fibra carregando uma ogiva de 1 kg pode ter o mesmo tamanho de um drone de rádio levando 2 kg. Isso implica em um poder explosivo um pouco menor no alvo, em média. Além disso, FPVs de fibra ainda não são usados em táticas de enxame (com dezenas de pequenos FPVs saturando um alvo) – em parte por cada drone ser mais caro e complexo. Eles são mais usados em ataques de precisão únicos. Se a missão exigir transportar um explosivo realmente grande, outros meios (como robôs terrestres ou artilharia) podem ser melhores devido à penalidade de peso do cabo.
- Curva de Aprendizado: As tropas precisam aprender novas táticas para drones de fibra. Pilotar com cabo, gerenciar o carretel e executar ataques sem embaraçar o fio exigem treinamento. Operadores ucranianos estão “apenas começando a dominar essa tecnologia” e, à medida que avançam, muitos dos problemas atuais podem ser mitigados. Por exemplo, um planejamento de rota cuidadoso pode minimizar riscos de enrosco (como voar acima das copas das árvores até próximo ao alvo). Com o aumento da experiência, a taxa de falhas por erro humano deve cair, e o uso eficaz dos drones de fibra melhorará.
Em resumo, drones de fibra óptica são ferramentas altamente eficazes, porém especializadas. Um comandante de pelotão da Guarda Nacional da Ucrânia resumiu: o ideal é que uma unidade tenha uma combinação – “vários FPVs padrão [rádio] em diferentes frequências, drones com visão computacional e drones de fibra óptica. Cada um é eficaz à sua maneira e cumpre tarefas específicas.” Drones de fibra se destacam em operações defensivas (como atacar veículos blindados sob forte interferência ou em nevoeiro onde a orientação óptica é necessária) e oferecem capacidades sob condições em que outros falham. Mas suas limitações – alcance, peso, visibilidade, custo e gerenciamento do cabo – fazem com que complementem, e não substituam totalmente, outros tipos de drones. Como observou uma reportagem, os FPVs de fibra preencherão um importante nicho na guerra de drones, mas não a dominarão totalmente.
Principais Fabricantes e Desenvolvedores
Diversos atores na Ucrânia e no exterior impulsionaram o desenvolvimento dos drones de fibra óptica:
Fabricantes/Equipes Ucranianos: A indústria de drones na Ucrânia é composta por empresas formais de defesa, engenheiros voluntários e unidades técnicas militares. Alguns nomes de destaque incluem:
- Vyriy Drone: Empresa privada ucraniana cofundada por Oleksii Babenko. A Vyriy está na vanguarda da produção de drones FPV e é creditada por montar o primeiro quadricóptero FPV feito inteiramente de componentes produzidos na Ucrânia em 2023 (embora não de fibra, a princípio). Babenko, CEO da Vyriy, tornou-se uma referência compartilhando estatísticas de desempenho e defendendo aprimoramentos nos drones de fibra uasvision.com. Ele destacou a diferença para a tecnologia russa e pressionou pela adoção de transmissores melhores e fibras mais espessas para aumentar as taxas de sucesso uasvision.com. A Vyriy também atua na fabricação local de carretéis de fibra para reduzir custos.
- BattleBorn: Produtora de drones baseada em Kiev (mencionada na Business Insider) que desenvolve diversos drones, incluindo FPVs de fibra óptica. Seu CEO (indicativo “Max”) afirmou que “quase não há defesa contra esses drones [de fibra óptica]” e observou que eles destroem equipamentos valiosos com frequência e eficiência. O COO (“Alex”) detalhou as especificações dos drones (até ~10 km de alcance atualmente, buscando chegar a 15 km, com cargas de 3–8 kg). A BattleBorn é um exemplo de empresa que está iterando rapidamente seus projetos e ampliando a produção para atender a demanda militar.
- Dronarium (e WARMAKS): O Dronarium Air é um grupo ucraniano de desenvolvimento de drones que, até 18 de março de 2024, já havia apresentado um protótipo de drone de fibra óptica – uma resposta rápida ao primeiro uso russo. Eles também desenvolveram um hexacóptero pesado com controle por fibra (em parceria com a Warmaks), que pode alternar para modos autônomos se o controle por cabo falhar. O protótipo inicial do Dronarium provavelmente inspirou a adoção mais ampla do lado ucraniano.
- Smart Electronics Group: Cofundada por Vladyslav Oleksiienko, esta equipe afirma ter proposto drones de fibra óptica ao exército no início de 2023, embora não tenham despertado interesse à época. Agora, Oleksiienko está envolvido no desenvolvimento e trouxe insights sobre segmentação de mercado (drones padrão x especializados). Empresas como essa frequentemente colaboram sob a iniciativa Brave1 para que seus produtos sejam testados e certificados para aquisição.
- 3DTech e outros: Uma empresa chamada 3DTech entregou um drone FPV de fibra óptica à inteligência militar da Ucrânia (GUR). Fotos de seus modelos circularam nas redes. Muitas outras pequenas empresas – como “Boiovi Ptakhy Ukrainy” (Aves de Guerra da Ucrânia), Kamik-A, Raptor Engineering, OWL (OWAD), Ptashka Drones etc. – estão listadas no catálogo da Brave1, cada qual oferecendo soluções de drones de fibra ligeiramente diferentes (comprimento de carretel, preços, fibra local/Chinesa). Em meados de 2025, mais de 25 equipes de engenharia ucranianas trabalhavam com tecnologia de drones de fibra, com cerca de 10 caminhando para contratos de produção em massa. Esse ecossistema vibrante, com apoio do governo, está rapidamente fechando a diferença em relação à Rússia.
- Aerorozvidka & Unidades Militares: O exército ucraniano também aproveitou seus próprios núcleos de inovação. Unidades como o Batalhão de Sistemas Não Tripulados da 12ª Brigada Azov contam com soldados com conhecimento técnico, que adaptam e aprimoram drones no front. O comandante do batalhão Azov creditou a um de seus membros a realização de FPVs de fibra óptica para sua unidade – uma inovação de base. Essas modificações de campo e feedbacks aos fabricantes foram essenciais no aprimoramento dos drones.
Fabricantes/Desenvolvedores Russos: O esforço russo tem sido caracterizado por engenharia voluntária de base e parcerias com fornecedores chineses:
- Aleksey Chadaev e Ushkuinik: Chadaev, um cientista político que se tornou voluntário, fundou a aceleradora de tecnologia militar “Ushkuinik”. Seu projeto produziu o Knyaz Vandal Novgorodsky, um FPV de fibra óptica, e possivelmente outros modelos kyivindependent.com. Isso indica um impulso de inovação semi-organizado dentro da Rússia para avançar em tecnologia de drones, estimulado por apelos de blogueiros militares de destaque em 2023 para alcançar um avanço na guerra de drones. O sucesso do projeto de Chadaev desafiou os estereótipos de que o exército russo seria inflexível.
- Unidades Voluntárias (Rubicon, Sudny Den): Estas não são fabricantes propriamente ditas, mas batalhões russos de drones que aperfeiçoaram o uso de drones de fibra óptica em combate. Sua experiência funcionou efetivamente como P&D; por meio de tentativa e erro em Kursk e Donetsk, melhoraram táticas e talvez forneceram feedback para aprimorar os projetos. É provável que também montem drones em campo a partir de kits.
- Fornecedores Chineses: Empresas chinesas desempenham um papel importante como fornecedoras de componentes e fibra. Entidades russas vêm encomendando grandes quantidades de carretéis de fibra óptica e eletrônicos associados de fabricantes chineses, que relatam pedidos crescentes a cada mês. Um fabricante ucraniano relatou ter descoberto que uma fábrica chinesa já produzia carretéis de fibra para a Rússia por sete meses consecutivos – agora a Ucrânia também busca fornecedores lá. Essencialmente, a tecnologia de fibra óptica chinesa (originalmente destinada a telecomunicações ou uso industrial) foi reaproveitada para drones por ambos os lados. Os chineses parecem dispostos a vender para qualquer um, tornando-se “os maiores beneficiários” dessa nova tendência, segundo fontes ucranianas. Isso inclui cabos de fibra, transceptores ópticos e possivelmente até kits de drones prontos. Embora não tenham seus nomes divulgados (provavelmente para evitar sanções), esses fornecedores permitiram que a Rússia aumentasse a produção rapidamente e agora ajudam a Ucrânia a alcançar esse ritmo.
- Voluntários Ocidentais e Apoio: No quesito apoio internacional, um contribuinte surpreendente foi um ex-fuzileiro naval dos EUA chamado Troy Smothers. Smothers comanda a empresa Drone Reaper e tomou conhecimento dos drones de fibra óptica russos pela mídia. Ele desenvolveu um projeto simples de drone de fibra (usando cerca de US$ 360 em peças prontas do mercado) e levou-o à Ucrânia para demonstração. A partir do fim de 2023, percorreu a Ucrânia ensinando unidades a construir e usar FPVs de fibra, impulsionando de forma decisiva o programa ucraniano. Segundo Forbes/NDTV, o projeto e o treinamento de Smothers foram um catalisador que ajudou a Ucrânia a rapidamente desenvolver produção local. Seu telefone “não parava” de receber ligações de soldados ucranianos depois que vídeos de um ataque bem-sucedido com fibra foram divulgados businessinsider.com businessinsider.com. Este é um exemplo marcante de como voluntários internacionais aceleram a inovação do lado ucraniano. Além disso, países da OTAN ofereceram apoio geral em tecnologia de drones e treinamento antidrone, embora detalhes sobre drones de fibra sejam escassos. Sabe-se que a Ucrânia mira na cadeia de suprimentos de drones russos de fibra – por exemplo, forças ucranianas bombardearam fábricas russas de cabos de fibra óptica para interromper sua produção. Isso indica que inteligência e armamentos ocidentais (usados pela Ucrânia para ataques de longo alcance) fazem parte do esforço anti-drones de fibra ao atingir a fonte.
Em resumo, a Ucrânia agora possui uma crescente indústria doméstica de drones de fibra óptica, graças à sinergia do talento tecnológico local, iniciativa do governo (Brave1, demonstrações do Ministério da Defesa) e ajuda estrangeira (voluntários como Smothers e provavelmente financiamento por meio de organizações doadoras). Até meados de 2025, a expectativa é que essa indústria forneça ao exército de forma estruturada – múltiplos modelos já foram padronizados para compras, e contratos estão sendo elaborados. Do lado russo, uma combinação de engenheiros voluntários criativos e acesso facilitado à tecnologia chinesa lhes deu uma vantagem inicial, rapidamente explorada em campo enquanto a produção ucraniana ainda estava em crescimento. Ambos os lados dependem de cadeias globais de suprimentos (fibra chinesa), ilustrando a dimensão internacional dessa inovação aparentemente local.
Implicações Geopolíticas e Estratégias de Defesa
O surgimento de drones de fibra óptica na Ucrânia traz várias implicações mais amplas para a guerra e a segurança internacional:
- Mudança de Paradigma na Guerra de Drones: O uso intenso de interferência eletrônica na Ucrânia – um dos primeiros conflitos com batalhas em larga escala de drone vs. guerra eletrônica – levou a essa nova solução. Agora, exércitos do mundo todo estão atentos. Drones guiados por fibra óptica (por vezes chamados FOG-D) estavam praticamente ausentes dos arsenais ocidentais, pois nunca enfrentaram interferência desse nível ao usar drones contra insurgentes. Ao verem sua eficácia, os exércitos da OTAN podem passar a explorar sistemas semelhantes para cenários contra adversários do mesmo nível (que vão usar guerra eletrônica). A Ucrânia tornou-se, na prática, um laboratório de inovação em drones, com o controle por fibra óptica sendo um dos principais frutos. Podemos esperar ver esse conceito integrado em futuras doutrinas de sistemas não tripulados, onde couber – por exemplo, drones de assalto especializados para combate urbano que usam fibra para permanecerem à prova de interferência.
- Contramedidas e Respostas: Até o momento, nem Ucrânia nem Rússia têm uma contramedida eficaz contra drones de fibra além de destruí-los fisicamente. Isso gerou uma mini corrida armamentista de contramedidas. Desenvolvedores ucranianos, por meio do Brave1, já testam maneiras de neutralizar drones de fibra inimigos – “neutralizando fisicamente esses FPVs usando torretas, lançadores de redes e espingardas, além de…lasers para desativá-los”. Em essência, já que não é possível bloqueá-los eletronicamente, é preciso derrubá-los ou cortar o cabo (talvez um laser possa queimar a fibra ou cegar a câmera do drone). Isso vai impulsionar investimentos em CUAS (sistemas antidrone) que utilizam efeitos cinéticos ou de energia dirigida, em vez de guerra eletrônica. Empresas ocidentais (como a Spotter Global, que escreveu sobre detecção de drones FOG-D) também estão adaptando radares terrestres e sensores ópticos para localizar pequenos drones de fibra que não emitem RF. O conflito destaca que defesas passivas (redes de camuflagem sobre trincheiras, coberturas físicas para veículos etc.) voltam a ganhar importância – tropas ucranianas estendem redes ao longo de quilômetros de estradas da linha de frente para se proteger de FPVs de fibra em voo baixo. Do ponto de vista geopolítico, países acompanham e aprendem como uma combinação de soluções simples (redes) e avançadas (lasers) pode combater essas novas ameaças.
- Fornecimento Internacional e Sanções: O papel dos fabricantes chineses fornecendo para ambos os lados levanta questões para os controles internacionais de exportação. Cabos de fibra óptica e componentes são itens de uso dual, em geral não restritos. Entretanto, o uso em drones que causam danos significativos pode chamar a atenção das autoridades. Se países ocidentais quiserem retardar o programa russo de drones de fibra, podem pressionar empresas chinesas ou oferecer alternativas à Ucrânia, para que ela não financie os mesmos fornecedores que a Rússia. Isso lembra como o comércio global pode inadvertidamente armar ambos os lados de um conflito – um equilíbrio geopolítico delicado, já que a China oficialmente permanece neutra, mas suas empresas lucram com a guerra. Enquanto isso, o apoio ocidental à Ucrânia pode se expandir e passar a incluir sistemas de fibra óptica robustos ou tecnologia óptica avançada para manter a Ucrânia na dianteira dessa corrida tecnológica (caso governos ocidentais assim desejem).
- Estrategia de Defesa Ampla – Armas Combinadas: Drones de fibra óptica tornaram-se tão eficazes que alguns soldados ucranianos os chamam de “a última esperança para mudar o curso da guerra” a favor da Ucrânia. Isso pode soar exagerado, mas reflete a importância que os drones assumiram – equivalente a armas tradicionais, como a artilharia. Comandantes agora precisam integrar estratégias de drones ao nível operacional. O fato de a Rússia concentrar unidades de drones de fibra em determinados setores (Kursk, depois Donetsk) sugere que os utilizam em massa para moldar batalhas (por exemplo, interrompendo a logística inimiga em determinadas áreas). A Ucrânia pode empregar seus drones de fibra em enxames numa grande ofensiva ou para impedir avanços blindados em áreas de interferência intensa. A tecnologia se encaixa na abordagem mais ampla de armas combinadas: drones (rádio e fibra) atuando em conjunto com guerra eletrônica, artilharia, infantaria, etc. Vemos isso quando a Ucrânia utiliza drones terrestres de fibra junto com outros esforços – ao retirar motoristas dos comboios de suprimento, mitiga uma tática russa (emboscadas FPV). Ou seja, ambos os lados ajustam táticas e estratégias por causa dos drones inibidos: reforçando linhas de suprimento, dispersando tropas ou, ao contrário, usando drones de fibra para abrir caminho para assaltos destruindo bloqueadores e blindados.
- Aspectos Psicológicos e Humanitários: O impacto psicológico de saber que o inimigo possui drones praticamente imparáveis não é insignificante. Lutadores ucranianos em Kursk descreveram movimentar-se sob ameaça desses drones como “pior do que roleta russa”, porque as chances de serem atingidos eram altíssimas. Esse tipo de medo pode alterar o comportamento dos soldados e o moral civil. Por outro lado, soldados ucranianos sentem-se fortalecidos ao terem uma ferramenta para atacar mesmo com bloqueadores em campo. Do ponto de vista humanitário, drones de fibra assumindo missões arriscadas (como entrega de suprimentos, por exemplo) resultam em menos baixas humanas – um ganho quando se considera o custo humano da guerra. Contudo, a letalidade do campo de batalha também aumenta; áreas antes seguras (hospitais em florestas etc.) podem agora estar vulneráveis, ampliando o risco para civis em zonas que antes eram consideradas “mortas” e, agora, acessíveis graças à fibra óptica.
- Proliferação Global: Se os projetos de drones de fibra óptica se espalharem além de Ucrânia/Rússia, poderemos ver atores não estatais ou outros países adotando-os. Um grupo militante bem financiado, por exemplo, pode usar drones de fibra para anular bloqueadores das forças governamentais em conflitos regionais. O conhecimento também está se difundindo em fóruns online e redes sociais – até ninhos de pássaro com cabo de fibra viralizaram, ilustrando o fenômeno. A comunidade internacional pode ter de pensar sobre controle de armas ou, ao menos, se preparar para a próxima geração de guerras com drones onde a interferência eletrônica não será suficiente. Os aliados da Ucrânia provavelmente já consideram como manter a vantagem ucraniana – possivelmente fornecendo kits avançados de comunicação por fibra óptica ou apoiando a produção local (há relatos de máquinas de enrolar fibras de origem ocidental em negociação).
Em conclusão, o surgimento dos drones de fibra óptica na Ucrânia destaca a natureza dinâmica da guerra moderna, na qual cada novidade (interferência eletrônica pesada) provoca uma reação (drones com fio), que por sua vez gera novas respostas (CUAS a laser, etc.). Esse ciclo impulsiona a inovação em ritmo acelerado. No cenário internacional, o conflito apresentou uma nova capacidade que exércitos do mundo inteiro precisam considerar – tanto para aproveitar quanto para se defender dela. E, para a Ucrânia, o apoio nessa área (via treinamento, transferência de tecnologia ou componentes) torna-se parte da discussão sobre assistência militar, da mesma forma que as defesas aéreas ou a artilharia.
Comparação: Drones de Fibra Óptica vs. Drones Controlados por Rádio vs. Drones com Link via Satélite
As forças armadas ucranianas agora empregam uma variedade de drones com diferentes métodos de controle. Cada um possui suas vantagens e limitações. Abaixo segue uma comparação entre drones guiados por fibra óptica, drones tradicionais controlados por rádio e drones com conexão via satélite (como grandes VANTs) no contexto da guerra na Ucrânia:
Característica | Drones de Fibra Óptica (Com Fio) | Drones Controlados por Rádio | Drones com Link via Satélite |
---|---|---|---|
Alcance de Comunicação | Limitado pelo comprimento do cabo (carretéis comuns de 5–15 km, até ~20–30 km máx). Alcance efetivo ~10 km com alta confiabilidade. Acima disso, aumenta o risco de quebra da fibra ou perda de sinal. | Limitado pela linha de visão e potências de sinal. FPVs pequenos: alguns km; drones militares maiores (TB2 sem SATCOM): ~150 km LOS. Repetidores podem estender FPV até ~20+ km, demandando estrutura de rede. | Potencialmente global (além da linha de visão), desde que tenha link via satélite e combustível. Ex: Bayraktar TB2 com SATCOM ou drones navais via Starlink podem operar a centenas de km. O alcance depende mais da autonomia do que do link de controle. |
Vulnerabilidade à Interferência Eletrônica (Jamming) | Imune à interferência por RF – não utiliza rádio, então guerra eletrônica tradicional não corta o link. Só é possível parar o controle cortando ou danificando fisicamente a fibra. | Altamente vulnerável a interferência e spoofing. O link RF pode ser derrubado por sinais EW inimigos. Comando e vídeo podem ser perdidos se o inimigo interferir nas frequências. Sujeito a sequestro se não for criptografado. | Relativamente resistente a interferência local no campo de batalha – uplink/downlink via satélite em frequências seguras. Porém, pode sofrer jamming estratégico (bloqueadores de satélite, jammers de GPS) e ataques cibernéticos nas comunicações via satélite. Drones dependentes de GPS podem falhar na navegação em caso de jamming de GPS. |
Detectabilidade | Baixa assinatura eletrônica. Não emite rádio, não pode ser detectado por rastreadores RF. Só pode ser visto por meios visuais/acústicos ou radar. A trilha da fibra pode expor o ponto de lançamento sob sol forte. | Detectável por emissão de RF. Drones em bandas comuns (2,4 GHz, 5,8 GHz, etc.) podem ser captados por escâneres e sistemas anti-drone que detectam links de rádio. O rádio e o transmissor de vídeo entregam sua presença. | Alguma assinatura RF. Usa rádio via satélite de alta potência (faixa L, etc.), mais difícil de detectar em terra, mas potencialmente interceptável por satélites SIGINT. Grandes VANTs também têm assinatura de radar maior que pequenos FPVs, sendo visíveis a defesas aéreas. |
Resistência à Guerra Eletrônica | Alta. Imune a interferências e enganos de RF. Não é afetado por terreno bloqueando rádio – o cabo garante conexão por florestas/prédios. Pode operar livremente em zonas intensas de EW. | Baixa a Moderada. Operadores usam hopping de frequência, spread-spectrum, ou reforçam o sinal, mas EW forte ainda pode desativá-los. Terreno ou prédios quebram o link facilmente. Alguns drones avançados têm antenas anti-jamming, mas FPVs simples não têm. | Moderada. Uplink/downlink criptografados e feixe estreito, mais difíceis de bloquear que rádio local. Porém, adversários com EW avançada podem atacar o satélite ou a frequência de controle. No geral, são bem mais resistentes que rádio LOS, mas não totalmente imunes (ex: a Rússia já tentou bloquear conexões Starlink). |
Carga Útil & Tamanho | Normalmente leva ogivas menores devido ao peso do carretel. Carga comum ~0,5–3 kg de explosivo. Há versões maiores (até 8+ kg), mas se tornam grandes e caras. Chassi costuma ser médio (quadcopter com hélices de 10–13”). | De mini quadcopters (DJI Mavic com <0,2 kg) a octocopters grandes (5–10 kg). FPVs kamikazes geralmente levam 0,3–1 kg (carga RPG ou similar). Sem peso de carretel, um mesmo chassi pode levar mais carga que se tivesse fio. | Plataformas muito grandes. Bayraktar TB2 carrega ~55 kg de munição inteligente; outros UCAVs levam dezenas/centenas de kg. Não lançam granadas pequenas; usam mísseis/bombas profissionais. No front, estão ausentes; são para alvos estratégicos. |
Manobrabilidade | Agilidade reduzida. Precisa de motores mais potentes por causa do peso do fio. Leve arrasto do cabo. Menor aceleração e velocidade (~60 km/h). Pode manobrar ao redor de obstáculos, mas risco do cabo enroscar limita curvas bruscas. | Alta agilidade (para pequenos drones). FPVs de corrida são muito rápidos (100+ km/h) e ágeis. Quadcopters podem mergulhar, virar e manobrar sem preocupação com fio. Drones maiores têm mobilidade mais limitada, mas ainda com voo livre. | Agilidade baixa. VANTs MALE como TB2 voam como aviões – raio de curva amplo, mudam de direção lentamente. Operam em grande altitude e não podem desviar subitamente. Não fazem manobras baixas. (Munições vagantes pequenas por satélite podem ser ágeis, mas exemplos na Ucrânia são os grandes UAVs.) |
Casos de Uso Operacional | Ambientes de EW intenso e contestados: ataques ofensivos a alvos bem defendidos (tanques com EW, postos de comando), voando em prédios ou florestas sob jamming. Ideais para ataques curtos e confiáveis e reconhecimento sob blecaute eletrônico. Usados também por robôs terrestres em missões críticas. | Uso geral e em massa: reconhecimento, ajuste de artilharia, lançamentos, ataques kamikaze sob EW moderado. Essenciais para cobertura ampla – podem ser lançados em enxames. Exigem supressão EW ou táticas criativas em áreas bloqueadas. São padrão para a maioria das tarefas por facilidade e disponibilidade. | Alcance longo e alvos estratégicos: ataques profundos (ex: atacar bases aéreas longe da linha de frente), reconhecimento operacional (vigilância de fronteira, movimentos de tropas distantes). Fazem supervisão onde drones por rádio/fibra não chegam. Porém, ineficazes no front se há defesas aéreas (vários TB2 perdidos para SAMs/EW). Agora usados mais para vigilância (ou onde a defesa aérea foi suprimida). |
Custo & Acessibilidade | Custo caindo mas ainda relevante: cerca de US$ 1.000–2.000 por unidade. Requer componentes especiais (carretéis de fibra ~US$ 500). Disponibilidade limitada – fila de espera na Ucrânia por alta demanda e produção crescente. Não tão fácil de fazer como FPV de rádio (precisa hardware de interface de fibra). | Baratos e difundidos: kits de FPV custam poucas centenas de dólares; drones comerciais US$ 1–3k. Muito disponíveis no mercado. Fáceis para grupos voluntários montarem em massa. Na Ucrânia, centenas de milhares de FPVs estão em produção/aquisição. São o trator de trabalho, mas as perdas são altas devido ao jamming. | Caros e escassos: Exemplo: Bayraktar TB2 custa milhões de dólares, mais estação de controle. Só por programas estatais ou doação de aliados. Frota limitada (Ucrânia tinha ~20–30 TB2). Não são descartáveis como FPVs. Alta exigência de treinamento e manutenção. |
Como a tabela mostra, drones de fibra óptica têm um perfil único: são superiores em ambientes eletrônicos contestados, porém têm limites de alcance e flexibilidade. Drones controlados por rádio seguem indispensáveis por sua facilidade de uso e capacidade de saturar o campo de batalha (ainda que contramedidas reduzam sua eficácia). Drones ligados a satélite atuam em escala completamente diferente – mais profunda, estratégica, e não no apoio tático de linha de frente – e têm estado menos presentes na Ucrânia após sucessos iniciais e subsequentes perdas (exemplo: em meados de 2022, os TB2 ucranianos passaram a ser usados mais para ISR do que ataques, devido ao aumento das defesas aéreas e jamming russos).
Importante ressaltar: essas categorias não são mutuamente exclusivas. A Ucrânia tem experimentado abordagens híbridas – por exemplo, usando drones por rádio com IA de visão computacional para atacar alvos autonomamente na fase final (contornando jamming), além de drones pesados que podem alternar entre controle por fibra óptica e rádio (como backup). Cada método (fibra, rádio, satélite) possui seu nicho, e a tendência é a estratégia de UAS em camadas: usar drones por rádio para a maior parte das tarefas, lançar drones de fibra para missões críticas sob EW pesada, e usar por satélite no longo alcance ou fora da linha de visão.
Conclusão
Drones de fibra óptica na Ucrânia representam uma adaptação notável ao feroz cenário de guerra eletrônica do conflito. Numa guerra marcada por inovação constante, essa solução aparentemente simples (“de volta ao básico”) – um carretel de vidro – teve impacto desproporcional, permitindo ataques precisos em locais onde antes os drones seriam cegados ou cortados do comando. Militarmente, FPVs de fibra demonstraram seu valor neutralizando sistemas caros de interferência eletrônica e ampliando o campo de ação dos drones para áreas antes protegidas. Reforçaram a lição de que a superioridade aérea na guerra moderna se estende até o nível mais baixo e pequeno das aeronaves – e que o controle do espectro eletromagnético é tão crucial ali quanto nas alturas. Rússia e Ucrânia já integraram esses sistemas em suas operações, e com a produção crescendo, poderemos ver desdobramentos coordenados maiores (até o momento, o uso tem sido pontual por conta da oferta limitada). Comandantes reconhecem que drones são tão essenciais quanto artilharia ou blindados – autoridades ucranianas e russas já comparam a proliferação dos FPVs à importância da artilharia em poder de fogo.
Estrategicamente, a corrida pela supremacia dos drones de fibra óptica impulsionou indústrias domésticas e parcerias internacionais. O fato de a Ucrânia acionar dezenas de startups tecnológicas, especialistas voluntários e parceiros estrangeiros para desenvolver essa capacidade em poucos meses ilustra a agilidade de seu setor de defesa sob pressão. A capacidade de inovação da Rússia (contrariando expectativas) nesse campo também mostra que nenhum lado detém monopólio perpétuo da tecnologia de drones – é um cenário em constante evolução. Países do mundo inteiro estão atentos a esses desdobramentos. Forças da OTAN provavelmente incorporarão as lições tanto no ataque quanto na defesa: esperando que futuros conflitos (especialmente contra potências similares) serão marcados por espectro contestado, sendo prudente ter uma mistura de soluções (de links de rádio protegidos a fibras e autonomia).
Para os apoiadores internacionais da Ucrânia, continuar a apoiar a inovação em drones tornou-se tão importante quanto fornecer material tradicional. Vemos isso na rapidez da transferência de conhecimento – por exemplo, voluntários americanos compartilhando projetos, ou dinheiro ocidental sendo usado pelo Ministério da Transformação Digital da Ucrânia para estimular programas de drones. Mesmo que tanques e jatos protagonizem as manchetes, pode ser que esses pequenos quadricópteros zumbindo com “caudas invisíveis” de fibra sejam os que desequilibrem batalhas críticas.
Nos próximos meses, podemos esperar que aperfeiçoamentos e contramedidas evoluam ainda mais. A Ucrânia já está trabalhando na próxima leva de melhorias: melhor visão computacional para ataques semiautônomos (para que os drones possam se direcionar sem um link constante) e ampliação da produção local de componentes de fibra óptica para evitar dependência. Os engenheiros russos também não ficarão parados; eles podem tentar drones de fibra óptica de alcance ainda maior ou táticas criativas, como usar um drone para cortar o cabo de outro (como já aconteceu uma vez). O jogo de gato e rato continua. Mas, independentemente dos resultados específicos, uma coisa é certa: o legado da guerra na Ucrânia incluirá ter inaugurado a era dos drones de fibra óptica, adicionando um novo capítulo à guerra com drones. Como observou ironicamente um soldado ucraniano sobre a tendência da fibra, “Devido ao alto custo, parecia que [eles] nunca se tornariam amplamente usados, mas os preços agora estão caindo” – sugerindo que é apenas uma questão de tempo até que todas as unidades tenham alguns desses olhos irrefreáveis no céu.
No fim das contas, uma força de drones completa usará cada tipo de drone segundo suas vantagens, buscando o equilíbrio. Drones de fibra óptica, drones via rádio e drones via satélite se complementam mutuamente. A experiência ucraniana mostra que, em vez de uma tecnologia substituir todas as outras, a verdadeira vantagem surge da integração – utilizar a ferramenta certa para cada tarefa. Os drones de fibra óptica preencheram uma lacuna crucial nas capacidades da Ucrânia em um momento decisivo. No futuro, provavelmente permanecerão um recurso especializado, porém decisivo, no arsenal ucraniano, e um exemplo vívido para o mundo de inovação sob fogo.
Fontes:
- Altman, Howard. “Inside Ukraine’s Fiber-Optic Drone War.” The War Zone, 28 de maio de 2025.
- Trevithick, Joseph, e Rogoway, Tyler. “Russia Now Looks To Be Using Wire-Guided Kamikaze Drones In Ukraine.” The War Zone, 8 de março de 2024.
- Farrell, Francis. “As Russia’s fiber optic drones flood the battlefield, Ukraine is racing to catch up.” Kyiv Independent, 20 de maio de 2025.
- RFE/RL (Serviço Ucraniano). “Fiber-Optic Drones: The New Must-Have In Ukraine War.” 12 de março de 2025.
- RFE/RL (Serviço Ucraniano). “Fibre-Optic Drones Replace Drivers To Deliver Critical Supplies To Ukraine’s Frontlines.” 15 de maio de 2025.
- UAS Vision. “Accuracy Comparison of Ukrainian and Russian Fiber Optic Drones.” 29 de abril de 2025 uasvision.com.
- NDTV. “Birds Build Nests Using Fibre Optics Found In FPV Drones In Ukraine.” 8 de junho de 2025.
- Business Insider. “Inside Ukraine’s race to crank out unjammable, fiber-optic drones…” 7 de fevereiro de 2025 businessinsider.com.
- Ukrainska Pravda (Ekonomichna Pravda). “A weapon entirely immune to jamming: How Ukraine is rolling out production of fibre-optic drones.” 13 de janeiro de 2025.
- Spotter Global (Jamie Mortensen). “New Stealth Fiber-Optic Guided Drones & How to Detect Them.” 25 de abril de 2024.